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POMBOS MAL PARADOS - 1 - TENTATIVA DE DIAGNÓSTICO 11/11/2010

 

“... devia ser criada uma lei que obrigasse os que estão sempre a dizer que está tudo mal a apresentarem as soluções para que fique bem...”

 

Opinião emitida por um Columbófilo Completo no programa Nação Columbófila da Rádio Clube da Feira no dia 09 de Novembro de 2010.

 

Considero o emitente desta opinião um Columbófilo Completo porque leva para aí uns 40 anos disto, competindo, ganhando títulos e perdendo quando não ganhou, e ainda trabalhando enquanto dirigente, tendo servido os columbófilos da sua colectividade e assumido responsabilidade a nível distrital, ou seja, tem currículo de dirigente ao mais alto nível. Para além de Columbófilo Completo é pessoa com grande experiência empresarial incluindo na área da Columbofilia, e se a todos estes predicados lhe juntarmos uma muito considerável capacidade de relacionamento, que por sua vez está sustentada numa bem formada e polida postura, então não restarão dúvidas – pelo menos para mim – que se trata de uma daquelas pessoas que dá prestígio às coisas em que se envolve. Por isso presto atenção quando este e outros Senhores da Columbofilia falam, e depois concordo ou discordo, procurando, quando é o caso, discordar dentro do mesmo registo, ou seja, com elevação, com respeito pelas pessoas e dignificando a nossa modalidade. Só para que conste, já discordei muitas vezes com ELES. Acho que continuarei a discordar sempre que estiver convicto que tenho melhor solução.

 

Os pombos extraviados que por acção ou inacção de terceiros não regressam ao seu pombal, e que vou passar a designar por pombos mal parados, constituem um dos grandes problemas da Columbofilia. Aliás sempre o foram, mas nos últimos anos a situação tem-se agravado, embalada na erosão dos valores que afecta a sociedade em geral, e que levará esta, estou certo, à desintegração completa. Um desses valores é o respeito pela propriedade alheia ou, se quisermos, a noção do real tamanho dos nossos direitos individuais.

 

Para não ser apanhado pela lei que aquele Columbófilo propõe, até porque estou de pleno acordo com a ideia, terei de apontar aquilo que, no meu entender, pode ser o caminho para a resolução do que considero ser um problema, o imbróglio dos pombos mal parados. Começo por fazer um resumo dos agentes que individualmente ou interligados causam a doença. Assim temos:

 

- Gente que não reage à comunicação dos seus pombos, que assim são condenados, pelo seu próprio dono, à condição de pombos mal parados;

- Gente que não anuncia os pombos extraviados, os quais caindo nas manápulas dessas pessoas passam desde logo à dita condição;

- Pessoas que anunciam pombos extraviados mas muito tempo após o seu aparecimento;

- Pessoas muito necessitadas que vendem pombos a feirantes de galináceos;

- Feirantes que vendem pombos;

- Traficantes que vendem pombos em feiras sem deterem os respectivos títulos de propriedade;

 

Todos eles juntos mais as forças policiais, possuem pouco conhecimento acerca da Lei de Protecção do Pombo Correio, e demais regulamentação columbófila.

 

Exceptuando uma grande maioria dos referidos feirantes, traficantes e polícias, quase toda a multidão aqui trazida à liça paga quota federativa, e por isso cada um deles considera-se a si próprio columbófilo. Importará vincar que, sempre que atrás falei em pombos, estou naturalmente a referir-me a pombos correio. Ainda a ter em conta um fenómeno mais recente, e que me parece ter contribuído para o aumento dos pombos que passam de extraviados a mal parados, ou seja, a saga dos chipes roubados.

 

É pois evidente que neste contexto não está ao alcance de ninguém resolver o problema com um simples estalar de dedos. Sabem, os mais atentos, que a própria FPC tem sucessivamente “mexido” nas normas do recenseamento, e algumas dessas alterações estiveram exactamente focadas no fomento da recuperação dos pombos extraviados. Quem não se recorda da possibilidade que foi dada ao achador de poder  concursar com pombos por si comunicados e não recuperados pelos proprietários, sem ter de aguardar pelo recenseamento do ano seguinte ?  A ideia até era bem intencionada só que esta medida foi suspensa quase de imediato pois, embora tomada com a melhor das intenções – incrementar a comunicação – foi logo aproveitada para outros “aproveitamentos”.

 

Parece-me pois que, no lugar de uma única medida, serão necessárias várias com enfoque em cada um dos diferentes agentes indicados, sem nunca esquecer que, também dentro de cada um destes, iremos encontrar homens de mau carácter, realidade que obriga a redobradas cautelas na hora de consertar a avaria.

 

Luis Silva, 11/Nov/2010