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AS FRAUDES, O STANDARD E A COLUMBOFILIA 23/01/2011

As recentes notícias relacionadas com irregularidades detectadas nos procedimentos de admissão de alguns pombos à última Exposição Nacional, mais concretamente de exemplares concorrentes à categoria Olímpica da Classe Standard, provocaram em mim um sentimento de grande tristeza. Algumas das reacções que se seguiram, e um ou outro exemplo delas estão publicadas no fórum do columbofilia.net, em nada contribuíram para as melhoras do meu estado emocional. 

Tentativas de fraude e fraudes consumadas são “coisas” reais do passado, do presente, e do futuro. Se assim não fosse não estariam previstas penalizações nas normas que regem qualquer sociedade. De algum modo o ser humano aceita à partida a sua própria fragilidade ao prever que no futuro irá ultrapassar o limite de velocidade, entregar o imposto fora de prazo, faltar ao trabalho, fumar em locais proibidos, insultar ou por outra via prejudicar o seu próximo, roubá-lo e matá-lo. Por isso define qual o castigo que deverá ser a si próprio aplicado nessas situações, e como sabemos até são diferentes as penas para a “coisa” tentada e “coisa” consumada. A aplicação da pena é da competência de alguém que não sou eu, nem qualquer outro cidadão enquanto tal.

O que sei acerca do assunto Selecção Olímpica não me permite fazer afirmações categóricas. Quando as fizer estarei, directa ou indirectamente, a emitir juízos de valor acerca de instituições e pessoas, e por isso tenho de ter a certeza do que afirmo. Quase todos as que já foram “apanhadas” no turbilhão da crítica são merecedores do benefício da dúvida, pelo menos até que, preto no branco, haja sentença. E caros amigos haja mesmo sentença, porque uma “coisa” destas tem de ter sentença. Aguardemos, e até lá tenhamos presentes alguns pormenores muito importantes:

O facto que temos: Alegadamente, um columbófilo cometeu irregularidade no intuito de adulterar os resultados desportivos a seu favor. Também alegadamente, a sua colectividade e a sua Associação, por erro ou omissão, voluntaria ou inconscientemente, pactuaram com essa irregularidade.

A ter em consideração quando se comenta este acontecimento:

1-      Na Exposição Nacional de Tavira estiveram expostos pombos de duas classes, a saber, classe Standard e classe Sport.

2-      A alegada irregularidade ocorreu com pombos de um columbófilo participante na categoria Olímpica da classe Standard.

3-      Estiveram expostos na Exposição Nacional pombos pertencentes a muitas dezenas de columbófilos representando quase todas as Associações distritais sediadas em Portugal. Generalizar e embrulhar tudo e todos no mesmo “saco” é uma fraude ainda maior que aquela que alegadamente alguém cometeu.

Sou, como deve saber-se, habitual participante das exposições que se realizam no meu distrito, e quando os resultados permitem, nas nacionais que se seguem. Sou também, há muitos anos, Juiz Classificador Standard. Nunca participei, e nunca sequer ouvi falar em reuniões de juízes antes e/ou depois do acto da classificação para decidir o vencedor de uma exposição Standard, nem nas distritais, nem nas nacionais, nem mesmo numa olimpíada onde actuei. O que mais próximo disso presenciei foi uma reunião de juízes para desempatar pombos que haviam obtido a mesma pontuação, e estavam esgotados todos os critérios de desempate regulamentares. Sobre ser juiz e ter pombos nas exposições é tudo transparente. Primeiro o Conselho de Juízes é previamente informado desse facto, e tem isso em consideração na distribuição dos juízes. Depois, se acontecer um Juiz ter de classificar pombos seus,  todos os visitantes duma exposição poderão ver o seu desempenho, e os mais desconfiados ou exigentes podem mesmo dar-se ao luxo de consultar o boletim de classificação individual dos pombos pertencentes a esse mesmo juiz. Finalmente, o último filtro, havendo um juiz que tenha lata para beneficiar o seu próprio pombo, a sua pontuação será quase de certeza eliminada pelo sistema informático.

O pombo vencedor em machos olímpicos em Tavira é, porque o dono me disse e eu acredito, filho da fêmea 3ª classificada em Ostende – Olimpíadas da Bélgica 2007. É um pombo pertencente ao distrito de Santarém, a mesma Associação a que pertencem as pessoas alegadamente relacionadas com o alegado facto irregular. Ora, o proprietário da mãe (na altura Asas de Estremoz – no fórum o Sr. José Cravo)  disse agora no fórum que a fêmea voava mesmo, pelo que, se disse isso,  deve também divulgar a quem deu filhos dela. Falando como escreve até parece que, depois daquela, acabaram em Portugal os pombos Standard que voam.

Parece também que há por aí muitos columbófilos que sabem “coisas” e não são capazes de no-las contar. E se não as contam das duas uma, ou emprenham pelos ouvidos e retransmitem inverdades, ou então falta-lhes coragem para assumirem o relato conciso de factos retratando de forma clara os intervenientes – a tal denúncia.  

Independentemente de existirem pessoas capazes de cometerem fraudes, em Santarém, em qualquer parte de Portugal, na Europa belga ou alemã, ou na Europa de Leste, os elementos classificativos apresentados pelos pombos nas nossas exposições são fidedignos. Quando o não são os Columbófilos detectam e accionam os procedimentos regulamentarmente previstos como será no caso que domina os nossos tablóides.

… e as exposições de pombos correio vão continuar porque quem por elas trabalha e nelas participa expondo os seus pombos não vai deixar-se derrotar, nem por pessoas desonestas nem por críticos que falam sempre mal mesmo sem nunca terem participado.

… e os desonestos vão continuar a existir, pelo menos enquanto houver seres humanos.

Da próxima falarei mais do que penso ser a razão das Exposições, e porque as considero uma componente fundamental da Columbofilia.

Luis Silva

23/Jan/2011