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EXPOSIÇÕES E CLASSIFICADORES 24/01/2011

 É minha convicção que as exposições de pombos correio foram “inventadas” com a finalidade de aproximar os pombos e columbófilos do mundo que os rodeia, ou seja, divulgar a modalidade mostrando o atleta à sociedade em geral.

Todas as pessoas que ao longo de décadas encontrei nas organizações das exposições de columbofilia sempre se manifestaram preocupadas em assegurar a presença do maior número possível de pombos, de columbófilos, e sobretudo do público anónimo. É que, conseguido tal desiderato, todos dirão que o evento foi um êxito, e melhor do que qualquer salário ou prémio pecuniário, está encontrada a compensação que satisfaz plenamente este cada vez mais escasso grupo de entusiastas da nossa modalidade, ou seja, aqueles que ainda sentem forças para fazer alguma coisa, nem que seja uma exposição.

O Rui Emídio e todos os que com ele montaram a última exposição nacional tiveram, tenho a certeza, essa preocupação. Tiveram mais, mas essa foi a principal, logo seguida, talvez, do facto de saberem que muitos estavam na expectativa de acontecer algo como há dois lustros atrás aconteceu num jantar, para orquestrarem nova crucificação. Também por isso, parabéns Rui.

Mas, voltando ao tema “exposições para quê ?” que terão pensado inicialmente os promotores das exposições de pombos ? Vamos expor o quê ?

Penso que a beleza foi uma das características que se consideraram importantes, até porque as exposições tem uma calendarização muito relacionada com a altura do ano em que os pombos estão nas melhores condições. Com o passar dos anos os columbófilos foram criando e aperfeiçoando regulamentos, refinando métodos, alterando critérios, enfim, a evolução normal de todas as coisas, sendo que uma exposição de pombos não é, ainda hoje, muito diferente de outras exposições de animais. Haveria uma classificação, uns venceriam e outros não. Seria então suposto, penso eu, que os columbófilos buscariam nos seus pombais os exemplares que consideravam mais bonitos e perfeitos, apresentá-los-iam numa exposição, e uma vez lá alguém – o classificador - iria ordenar a respectiva classificação.

Desconheço em absoluto, e não dou a isso suficiente importância para motivar uma investigação, qual o momento em que a classe Sport aparece nas exposições de pombos correio. Mas, se apareceu, ou até lá esteve sempre, é porque alguém entendeu necessário criar dois tipos de competição, uma para pombos fisicamente perfeitos e outra para pombos que apenas e só gostam de chegar cedo a casa, quer tenham ou não olhos de cor diferente, o externo torto, penas partidas ou marcadas etc. Sem prejuízo de diferentes opiniões, entendo que foi este o momento em que se assumiu uma “separação de águas”. E este Brasil, acho eu, não foram os portugueses que descobriram...

De todo o modo, como sabemos, a competição olímpica entre países ainda hoje se disputa apenas com os resultados dos pombos Standard, ou seja, os resultados dos pombos Sport não influenciam essa mesma tabela classificativa.  Penso que não viria mal ao mundo se o Sport entrasse nas contas mas... é o que está.

Muitas outras coisas poderiam ser melhores, a começar pela grande falta de informação dos columbófilos relativamente às exposições e aos classificadores. Exemplos:

-        Muitos columbófilos desconhecem que numa exposição de pombos correio existem duas classes de competição, e que, na prática, nas actuais condições, uma nada tem a ver com a outra;

-        Existem columbófilos que possuem pombos Sport com qualidade para competirem nas exposições, e recusam-se a participar porque pensam que os classificadores os irão “agarrar”;

-        Alguns columbófilos estão convencidos que os classificadores pesam de modo significativo nas contas da FPC;

-        Muitos columbófilos desconhecem que no Standard ocorre a intervenção de 5 classificadores em cada pombo, e que 2 deles são eliminados pelo sistema informático, concretamente, o que deu mais e o que deu menos pontuação a cada exemplar;

-        Poucos saberão que em algumas Associações distritais se gastam centenas de horas de trabalho na pesquisa de resultados e na preparação dos elementos classificativos dos pombos de Sport (leia-se preparação e não fabricação).

-        Quase todos parecem desconhecer que aos juízes classificadores não compete, em circunstância alguma, certificar a veracidade dos elementos classificativos dos pombos Standard duma exposição. Se voaram ou se não voaram, se classificaram nos concursos ou não classificaram, é coisa da responsabilidade dos Conselhos Técnicos das entidades intervenientes nesses concursos. Ao classificador apenas compete dar pontuação em função dos atributos físicos do pombo, naquele local e hora, e naquele pouco tempo que tem para o manusear.

 

Até hoje não conheci columbófilo que, só a olhar e a apalpar, consiga ler o conta-quilómetros de um pombo. É que, os classificadores, são apenas columbófilos que se mostram disponíveis para gratuitamente colaborarem com as pessoas que organizam exposições. Não se julgam nem são, nada mais nem nada menos que os outros columbófilos, como sabem os que os conhecem.

E já agora... não conheço nenhum classificador mudo, embora às vezes, como agora,  parece que são. Vale a avença que recebo enquanto advogado de defesa da classe.

Luis Silva

24/Jan/2011