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TRABALHAR 16 – FACTOS E CLICHÉS 30/09/2013

A estrutura do desporto columbófilo assenta num princípio base comum à generalidade das actividades, ou seja, o indivíduo torna-se associado de uma colectividade, submete-se às suas regras, e ela proporcionar-lhe-á o acesso aos fins pretendidos, representando-o ainda nos locais próprios.

Por sua vez, os titulares de cargos no dirigismo da Columbofilia, tem por hábito ser cautelosos no que respeita a correr o risco de se expor, a si ou às organizações que dirigem, quando frequentam locais públicos de debate ou, simplesmente, quando criam e alimentam um espaço pessoal de opinião. Existe uma ordem institucional que deve ser preservada por todos os dirigentes, sob pena de ficar seriamente comprometido o relacionamento entre os membros do grupo de trabalho, prejudicadas as sinergias que ele proporciona, abalados os próprios alicerces das entidades que representam, e no limite, fragilizada toda a estrutura onde estas estão inseridas.

Simpatizo com o princípio “tudo é possível”. Por isso, desde há muitos anos que procuro conciliar as obrigações de dirigente com os direitos individuais que a prática duma modalidade desportiva me confere. Penso que tenho conseguido fazê-lo sem violar os preceitos por bem instituídos.

Um colega submeteu recentemente uma mensagem para o meu livro de visitas, convidando-me a contestar um conjunto de afirmações suas, carregadas de subjectividade, às quais ele atribui o estatuto de factos. Na verdade são apenas clichés, idênticos a muitos outros que nós columbófilos produzimos a cada passo, e que são, ou podem ser, porta aberta para uma discussão mais ou menos interessante. Vejamos o que me suscita a primeira das afirmações:

 

A associação de Aveiro realiza o campeonato mais desigual do país na medida em que permite o envio de 30 pombos ás provas de fundo.

 

A igualdade dos campeonatos não pode, pelo que entendo e procurei fundamentar em artigos sob esse título, obter-se apenas com a imposição de quantidades inferiores às que actualmente são permitidas pelo RDN. Quem considera que a desigualdade é uma doença que afecta o coração da Columbofilia, que seja capaz de encontrar forma de a combater com um antibiótico eficaz e não apenas com uma “pastilha” que, além de não curar, ainda vai deixar mazelas noutros órgãos. Acho que o modelo em uso nos últimos anos no meu distrito é suficientemente justo, pois a minha colectividade tem a liberdade de decidir o limite máximo de pombos a enviar às provas de fundo. Esta medida protege por aí uns 90% dos columbófilos, e deixa uma eventual discussão de interesses individuais restrita aos 10% - ou menos - que verdadeiramente se interessam e são competentes para lutar pelos primeiros lugares dos campeonatos distritais. Por sua vez estes concorrentes podem, ainda que a sua colectividade estabeleça internamente uma quantidade inferior, enviar a quantidade máxima regulamentar – 30 pombos - para efeitos dos campeonatos distritais, e todos ficam felizes. Acresce, pelo que tem sido afirmado na comunicação social, que os campeões distritais de Aveiro dos últimos anos, nem sempre enviaram às provas de fundo a quantidade máxima de pombos permitida, veja-se, por exemplo, o que aconteceu em 2012. Agora apetece-me perguntar:

Será que alguém vai produzir um relatório acerca dos benefícios – ou diminuição dos prejuízos – que a medida adoptada pela FPC de reduzir os pombos nos campeonatos nacionais do columbófilo proporcionou, concluídas que estão duas campanhas desportivas após a implantação do novo modelo ?

Quantos columbófilos novos vieram, ou quantos deixaram de ir embora nestes dois anos por causa dela ?

Alguém sabe se o número de praticantes aumentou nos distritos onde foram adoptadas iguais reduções, ou é necessário aguardar mais uns anos para credibilizar as conclusões ?

Eu sei as respostas, mas... vou apenas e terminando por hoje, contar-vos uma que ouvi em tempos.

Constou-se que numa universidade estrangeira ligada à ciência médica terão chegado à conclusão que o consumo – naturalmente regrado – de vinho, pode beneficiar a estrutura óssea, influenciando, não estou certo, se a quantidade ou a qualidade do cálcio. Um homem bastante embriagado cai, parte uma perna e alguém se apressa a ralhar com ele: “... se não fosse o vinho, estavas agora inteiro.” Ele respondeu “... és um ignorante! Se não fosse o vinho, em vez de uma perna, eu teria partido as duas.”

 

Luis Silva - 30/Set/2013