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JE SUIS COLUMBOFILO 10/01/2015

Queiramos ou não, as Associações distritais não podem ser dispensadas de qualquer processo ou ambiente que respeite à Columbofilia nacional. Quem intentasse contrariar esta realidade estaria a cozinhar algo impossível de pôr em prática, a menos que tenha como objectivo a satisfação de um qualquer interesse elitista, logo interdito a quatro quintos ou cinco sextos dos praticantes.

Cada uma das Associações, em tudo o que é e em tudo o que representa, reflecte, nada mais nada menos, do que a imagem das suas colectividades e dos columbófilos instalados na sua área de jurisdição. Foram várias décadas em que a Columbofilia portuguesa evoluiu em torno deste modelo que não pode, assim sem mais nem menos, ser considerado como mero activo tóxico. Se um dia um qualquer colégio de sumidades decidir etiquetar tal património como coisa de antanho, que tenha também discernimento para avaliar o que existe e merece ser aproveitado para o futuro, nem que seja apenas um conjunto de ensinamentos retirados das muitas asneiras que também foram cometidas.

É imperioso que a Direcção da FPC se mantenha disposta a meditar sobre isto. É também importante que sob a sua égide seja devolvida às distritais a oportunidade de trabalhar em conjunto, trocar e actualizar conhecimentos, partilhar preocupações e até meios, numa palavra, dialogar, a coberto das influências perturbadoras de conceitos que, na maioria dos casos, não passam de intenções repudiadas logo de caminho, quando os seus promotores as tentaram implementar lá em baixo nas suas Colectividades. O lá em baixo pretende apenas enfatizar que, tendo alguém criado um lugar para cada coisa, é necessário que saibamos colocar cada coisa no seu lugar. 

E porquê sob a égide da FPC se ninguém impede as Associações de se reunirem entre si, em qualquer hora e em qualquer lugar ?

Porque deve prevalecer o propósito de edificar e não o tique de conspirar.

Para além disso, por muito simpáticos, sectários, populistas, democráticos ou fashion que se afigurem uns ideais que por aí piscam, impõe-se, antes de os tentar implementar, saber da boca de quem sabe, o que realmente se passa no país columbófilo. E o que realmente se passa em cada distrito com interesse para uma discussão sobre o futuro da modalidade, é a respectiva Associação que tem os meios adequados para identificar, classificar e preparar para apresentação ou debate, caso contrário já não estaríamos a falar de uma Associação que se preza ou preze.

Agora um exemplo para concretizar.

Recentemente, por proposta da Direcção da FPC, foi o Congresso convidado a mexer no limite de pombos que podem viajar em cada caixa nos camiões. Grosso modo, pretendiam os nossos responsáveis máximos diminuir as quantidades em vigor até aí, sob o pretexto de melhorar as condições em que viajam os nossos atletas a caminho do local onde pegam ao serviço. Louvo a intenção, duvido da decisão.

Que eu saiba, não foi distribuída qualquer informação que habilitasse os congressistas a tomar uma decisão minimamente consciente, contra ou a favor de tal proposta. Não digo que a Direcção da FPC não possua esse conhecimento, no entanto não o canalizou para todos os delegados. E como na grande maioria dos casos o modus operandi das distritais é assunto tabu, e a premonição divina de tudo saber sobre todos só está ao alcance de alguns protagonistas, quem me diz:

 - Quantos pombos viajaram efectivamente em cada caixa, em cada tipo de concursos, nos vários meses da campanha desportiva, em cada Associação ?

            - Como é o carregamento em cada Associação, ou seja, é em concentração, porta a porta, quantas horas demora, a que horas do dia e sob que temperatura é feito ?

            - Quais as condições de abrigo do material de transporte em cada caso, ou seja, as galeras arrancam para o carregamento pré aquecidas ao sol ou estiveram protegidas à sombra ?

            - Os camiões, concluído o carregamento, param ou não no percurso até ao local de solta ?

            - Com que antecedência costumam os camiões chegar ao local de solta relativamente à hora da largada ?

            - Os pombos tem acesso a água em todas as provas, ou só em algumas ?

            - A água é disponibilizada em ambas as laterais das caixas, ou apenas no topo da caixa que dá para o corredor do camião ?

Se me disserem que estas coisas não tem importância nenhuma para a integridade física dos pombos, já cá não está quem falou.

Mas parece que tem, e ao que consta, há camiões que não param pelo caminho na viagem de ida, que chegam ao local da solta 3 ou 4 horas antes da largada e de imediato disponibilizam água aos pombos, que esse abeberamento acontece desde o início da época independentemente da categoria do concurso.

Seria uma frustração para quem desenvolveu melhorias nas condições de transporte, investindo nisso muito dinheiro dos seus Columbófilos, ser confrontado com decisões à laia de chapa três que claramente desconsideram ou desprezam esses cuidados e sacrifícios. Bem sei que na versão anterior do RDN já assim era, mas, porquê desaproveitar a oportunidade para regulamentar o direito à diferença ?  E estando com as mãos na massa, a quem compete fiscalizar, e quais as sanções que se aplicam a quem não respeitar as normas ?

 

Espero sinceramente que aproveitem ao máximo o bom tempo que S. Pedro nos está a oferecer neste início de campanha.

Luis Silva

10/Jan/2015