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OLIMPÍADAS – O GRANDE CIRCO 15/01/2019

Se a Fórmula 1 tem o seu Circo, nós temos Olimpíadas.

Na história da columbofilia portuguesa, o fenómeno Standard é algo que podemos considerar recente, tão recente que, alguns da minha fornada, tem de fazer-se esquecidos para fingir que dele já nada sabem. Durante cerca de duas décadas estivemos no topo da classe a nível olímpico, e esse êxito foi conseguido com trabalho, conhecimento e astúcia pois, ao fim e ao cabo, foi necessário iniciar algo novo, com recurso a linhagens de pombos estranhas àquele que era o quotidiano de então. Há que dizê-lo frontalmente e fazendo-o não estou a pretender sequer beliscar o mérito de quem contribuiu afincada e competentemente para os resultados que Portugal “facturou”. Frontalmente ainda, impõe-se reconhecer que à medida que crescia o nosso êxito internacional no Standard, esfrangalhava-se intramuros o entusiasmo da generalidade dos columbófilos em torno das exposições de pombos, com a estrutura incapaz de inverter o rumo dos acontecimentos e, pior do que isso, sem conseguir dar resposta às dúvidas que iam tomando proporções perigosas, muitas vezes potenciadas por declarações menos responsáveis de colegas cuja opinião não necessitava de credencial para merecer espaço em qualquer espaço de tertúlia. Compreende-se a postura da FPC. Afinal de contas Portugal era cabeça de cartaz, todo o trabalho desenvolvido nas várias vertentes da modalidade estava a ter o seu impacto mediático incrementado pelos resultados obtidos na competição internacional, e ninguém em seu juízo perfeito iria mexer no que tão bem parecia estar. Desde os Juízes Classificadores, o sistema informático, a capacidade organizativa, tudo o que mexia no nosso país em torno das exposições passou a ser respeitado e até mesmo consumido lá fora, principalmente nos países “conservadores” ou se quisermos poderosos. Da mesma forma e quase pelos mesmos motivos, os criadores dos campeões de Standard e a generalidade dos Juízes Classificadores não viam motivos para dar crédito aos maldizentes.

O princípio de que existiam dois tipos de pombos-correio foi assim aceite de forma mais ou menos pacífica, admitindo-se que a existência de um número razoável de entusiastas de Standard permitiria desenvolver pequenas estruturas localizadas que proporcionassem condições para que os pombos cumprissem as exigências regulamentares em termos de distâncias e resultados. Uma coisa não estorvava a outra, ou seja, a malta do Standard podia seguir o seu próprio caminho, o número de adeptos e praticantes iria naturalmente aumentar, ou não fosse nessa altura o céu o limite para tudo o que dizia respeito à columbofilia.

 Mas, como disse, o entusiasmo em torno das exposições decrescia continuamente em Portugal, e nem mesmo o assinalável aumento da importância do Sport fez com que tais eventos regressassem ao fervilhar de outrora. Os columbófilos foram ficando convencidos que as exposições se faziam com um tipo de pombos diferente daquele que possuíam nos seus pombais, e se isso era parcialmente verdade em relação à classe Standard, não o era no que toca ao Sport, por todos os motivos conhecidos e ainda mais alguns. Mas que foi assim, ai isso foi.

Nesta altura vivemos uma realidade diferente. Os pombos que outrora trouxeram glória à columbofilia portuguesa estarão extintos, consequência, além de outros motivos, da incapacidade de sobrevivência das tais pequenas estruturas localizadas, a que alguém convencionou chamar clubes de Standard. Para piorar o cenário temos a classe de Juízes Classificadores perdida entre regulamentos obsoletos e estatutos mal compreendidos, servindo como que saco de boxe de todos quantos ainda alimentam pequenos ódios em relação ao fenómeno com que iniciei estas notas. Está na hora de reconstruir.

Luis Silva

15/Jan/2019