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RESULTADOS DESPORTIVOS-2 SONHOS E ILUSÕES 22/09/2022

“ …sopras o fumo na minha cara

E nem sequer me vês à passagem…”

“Geraldine” (1981) Do Mestre António Manuel Ribeiro – UHF

 

Tantas são as cantilenas a que os columbófilos acodem que, arrulho eu, não é por mais uma que sentirão necessidade de aumentar o espaço nos respectivos almoxarifados. Dirijo-me especialmente e por agora aos incrédulos e desalentados que vão deixando cair a toalha quando vêem desbaratadas as ilusões que alimentaram a pensar em títulos desportivos.

A primeira causa dessas ilusões perdidas pode ser mesmo a desmesurada envergadura dos sonhos. Se sonhar não paga impostos nem prejudica a nossa saúde, já o convencermo-nos a nós próprios que a estrutura dirigente será capaz de regulamentar a modalidade de modo a que esse sonho se transforme em realidade, isso é mergulhar de cabeça numa tremenda ilusão. Competência e mérito nossos em consequência exclusiva de decreto alheio ? No way baby. 

Como escrevi no anterior apontamento, atingi ao fim de 45 campanhas desportivas os melhores resultados de sempre, ficando provado que tantos anos de experiência ainda não são suficientes para eu ser totalmente competente enquanto criador e treinador de pombos de corrida. Por outro lado resulta também demonstrado que eu não tinha toda a razão sempre que, nesta caminhada, me senti tentado a atribuir a terceiros a responsabilidade pelos meus momentos de insucesso.

Não é fácil ser columbófilo, e pior ainda para aqueles que canalizam para a vertente competitiva todas as suas disponibilidades, sejam estas de que espécie forem. Podem até apresentar resultados desportivos extraordinários se comparados com os nossos, mas é-lhes quase impossível ser columbófilos. E são esses nossos “colegas” que, a cada desaire, pintam a columbofilia como coisa hedionda, injusta, decrépita ou moribunda, juntando os “elogiosos” cumprimentos da praxe a quem organiza e decide as competições. Conheci e conheço muitos assim. Deus os conserve e faça reproduzir pois ganhar-lhes – como eu ganho volta e meia – é uma das satisfações que mais acalento.

Estou muito contente mas não me entendam ufano por vir falar nos resultados que os meus pombos conseguiram esta campanha. Já antes e em várias ocasiões esses resultados tinham sido acima da média e sempre me contive nos festejos resistindo à tentação de querer ser ídolo. A minha intenção é muito mais a de criar na classe dos “pequenos” amantes dos pombos de corrida onde me enquadro, a convicção de que não perdemos sempre, e que muito mais do que às vezes pensamos, temos decisiva importância no futuro da columbofilia.

Quanto a “Geraldines”  ouçam e ousem interpretar o que canta o António Manuel Ribeiro.

Luis Silva - 22/Set/2022