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NOTICIAS DA MUDA 21-09-2006

 

 

A GRANDE MUDA, E AQUELA MUDA QUE A MAIORIA DESCUIDA

 

 

 

 

A muda é um processo fantástico que assola as aves anualmente. Porém a muda no pombo correio não é igual à muda das outras aves. Não é porque nós columbofilos não o queremos. A muda deveria começar logo que se começa a fazer sentir os dias a crescer, porém isso não nos dá grande jeito porque temos os concursos a decorrer. Também ao pombo correio em competição o jeito energético também não se verifica, Com o esforço continuado que lhes vamos exigindo, que vai ficando maior à medida que a campanha desportiva vai avançando, o pombo não pode satisfazer as necessidades energéticas de tamanho esforço e adia a operação.

           

            É por esse motivo que os pombos que são voados no sistema natural começam a muda mais cedo que os restantes. É que o choco proporciona um descanso acrescido e consequentemente menos consumo de energia, comparativamente aos viúvos. Também os borrachos no seu primeiro ano ainda não conhecendo bem as condições da sua domesticação têm a tendência de fazer uma muda o mais perto do natural possível, pelo que logo que começam a mudar ressentem-se fisicamente e perdem grande parte da competitividade.

      

            Outro lado desta equação é que temos um tempo limitado ( ou talvez não) para completar a muda. É que o fim dos dias de sol, quase forçosamente, implica o fim da muda. No entanto não é forçoso que assim seja como mais à frente explicarei.

 

            Mas comecemos por onde devemos, ou seja pelo período que antecede a muda. Acabamos a campanha, em principio deveríamos ter os pombos saudáveis, se não os temos é a altura de os fazer estar. É muito importante ter os pombos saudáveis antes de começar a muda. Por isso necessita-se diagnosticar os pombos.

 

           Por norma espera-se que os pombos saudáveis  no final da campanha não apresentem sinais de nenhuma doença, pelo que a única coisa que normalmente necessitam é um tratamento aos vermes pois o ultimo deveria ter ocorrido seis meses antes, antes do inicio da campanha desportiva. Tudo o que se fizer a mais sem se ter a certeza da existência da doença é pura perda de tempo e de dinheiro. Lembrem-se um pombo não é um camelo, não se lhes dá medicamentos hoje para tratar a doença que lhes vai aparecer para a semana. Com os tratamentos acabados vai-se aumentar as defesas dos pombos reforçando-as com próbioticos.

         Existem bons próbioticos para pombos de marcas com nome no mercado. São todos bons. Mas nem sempre lhes podemos chegar financeiramente. Por isso deixo aqui alternativas. Nos supermercados LIDL podem encontrar próbioticos líquidos, tipo Iogurte, à base de leveduras de leite. Juntem à ração e sequem com um pouco de levedura de cerveja. A Herbots tem o BMT-BMW- COLOMBINE –da – NATURVET – BATH – COMETOSE – VAN VITAM 1000 B  etc ,etc,, que é muito bom mas é caro, utilizo o BMT mas como é caro ponho pouco e acrescento o resto com levedura de cerveja da Zoopan. Como prevenção activa coloco ou vinagre de cidra, ( muito bom )ou sumo de limão ou em ultimo recurso umas gostas de lixívia, tintura iodo, tintura azul, azul metileno, etc,etc  na agua de bebida para impedir o contagio pombo a pombo.

 

        Também é necessário atenção aos pombos, sobretudo os borrachos que não querem comer, ficam aos cantos, ou apresentam sinais evidentes de doença. Esses devem se apartados em dois grupos distintos. Os efectivamente doentes são de imediato tratados, com tratamentos tão prolongados quanto o recomendado pelo fabricante do medicamento. Os outros ( suspeitos ) ficam sob apertada vigilância, aumentando-se a acidez da agua com os limões , vinagre de cidra, ou lixívia, ou mais profissionalmente com um desinfectante tipo hexa-plus, ( mais há outros no mercado ) tudo um pouco ou nada mais forte que o que se estava a dar. Conforme a reacção ou passam para o hospital ou voltam ao pombal.

         Falámos sobre o prevenir das doenças durante a muda pois o seu aparecimento implica medicação e esta pode implicar penas defeituosas.

 

             Podemos agora falar em mudar as penas. Lembrem-se de dois provérbios populares “depressa e bem não há quem” e “cadelas apressadas parem os cachorros cegos”, pois é na voz do povo que se encerra a sabedoria.

              Ao mudar as suas penas os pombos efectuam um esforço energético tão grande quanto o esforço financeiro que vocês fariam se tivessem que mudar a vossa roupa toda de uma vez. Por isso este processo demora algum tempo. O tempo está obviamente limitado pela duração do período solar do dia. Como começamos mais tarde temos que acelerar, e como é que o podemos fazer sem aldrabar o trabalho? De uma maneira muito simples é colocar os materiais necessários à fabricação da pena à disposição do pombo, com abundância.

            Pouco há a dizer do chá. O chá de muda obviamente, que o da Pérsia coitado já faleceu à muitos anos. O mesmo contem em suspensão muitos nutrientes e micro-elementos que além disso ainda têm um efeito estimulante no avivar do relógio biológico da muda.

            Além do mais vai ficar a saber pode fazer você próprio, em casa algumas coisas que lhe farão poupar bastantes €, sem muito trabalho e produzindo suplementos melhores que os comprados já feito.

            Quando comecei achava o Askorbal o máximo.mas á outros Legumen -Naturalin -Fortipur Plus - Enteri Duif - Succees-Corn , etc etc .Hoje é um produto inferior comparado com o que sai da minha cozinha ( ou melhor da cozinha da minha mulher que não para de protestar). Pego alguns dentes de alhos, numa cebola, num alho francês, em beterraba, em nabo, em agriões, em espinafres, em cenoura, e em tomate e tenho duas hipóteses, ou pico miudinho no  1,2,3 até fazer uma pasta e dou na comida, ou passo na centrifugadora e dou na bebida. Pessoalmente prefiro na comida. E não precisa fazer todos os ingredientes de uma única vez, as combinações de dois ou mais também são boas. Convém é variar e dar ênfase aos espinafres, ao tomate, á cenoura e aos agriões.

            Junto da ração temos a garantia de que são ingeridos por todos os pombos, quer gostem ou não desta “mistela” .

            Já que ocuparam momentaneamente a cozinha aproveitam e poupem mais uns € e façam um produto que podem utilizar durante o ano inteiro e é melhor que o que compram, caro, no mercado. Estou a falar do óleo de alho ou de alho/soja.

 

            O óleo de alho faz-se picando miudinho seis dentes de alho colocando em cada ¼ de litro de agua, coloca-se a mistura no frigorifico e um mês depois está pronta para usar. Atenção que este óleo de alho deita e deixa um cheiro muito activo a alho, que não é habitual no óleo de alho comercial. É que o feito por vocês é melhor. O cheiro provem do produto activo do alho, o ALICIN que é identificável pelo odor. Ora o vosso cheira muito porque têm o Alicin activo ou outro não pois de alicin já pouco ou nada têm, pois o Alicin à temperatura ambiente degrada-se rapidamente, pelo o produto comercial, quando nos chega a casa é uma anedota comparado com aquele que vocês produziram.

O óleo de alho/soja faz-se da mesma maneira que o óleo de alho normal só que com óleo de soja.

             Outra forma-500g de alho descascado retira-se o espigo, tritura-se e acrescenta-se cinco colheres de sopa de óleo de girassol e cinco de óleo de soja formando uma pasta homogenea dando-se misturado na ração. Esta pasta deve-se guardar no frigorifico.

 

            Por fim vou falar de duas ferramentas ao dispor do columbofilo. Ambas estão relacionadas com a possibilidade de a muda estar mais atrasada do que desejávamos. A primeira chama-se Metionina, é da Herbots, é cara como os c....., mas se for dada uma única vez ao inicio da muda proporciona um rápido arranque e depois é só manter a embalagem  com os produtos naturais que já falamos.

 

            O segundo têm a vez com o truque de manter o pombal iluminado até às 20h30, 21h00, já para o final da grande muda. Isso cria uma falsa ilusão da duração do dia e o pombo em vez de interromper a muda continua a mudar, especialmente se não deixarmos baixar a temperatura no pombal.

            Se por acaso em todo este processo um pombo tiver criado uma guia defeituosa não entre em pânico. Assinale-o e logo que a ultima guia esteja a mais de meio corte a defeituosas a meio do canudo de forma a que sete a dez dias mais tarde a possa arrancar. Verá que em 99% dos casos surge uma guia bem formada.

 

            Só mais um aviso a muda não termina com o mudar das penas das asas mas sim com o mudar das penas do corpo, o chamado duvet. Este é tão ou mais importantes que as guias do pombo. É na realidade comparável à fuselagem de um avião, pelo que convêm ser lisa macia e sedosa. Quanto mais o for melhor “surfa” o pombo nos oceanos aéreos. Um truque importante para este aspecto é deixar entrar o frio no pombal, nesta fase final da muda, obrigando os pombos a despir o casaco velho e amarelado por uma camisola de um puro algodão branco, que se verá afastando as penas do peito, ou soprando em sentido contrário à inclinação da pena. Porém esta muda final já não nos condiciona o voo dos pombos, no que concerne à sua preparação para a época de concursos vizinha.

               Outra questão que se levanta nesta época é ter os pombos presos ou solta-los. Ambos têm prós e contras. Se os mantemos presos a massa muscular dos mais velhos atrofia e a dos mais novos não é atirada atempadamente para o seu expoente máximo, mas os pombos correm menos riscos de contagio. Se os soltamos os pombos correm o risco de irem bicar em tudo o que não convêm e trazerem doenças ao pombal. Pessoalmente opto por um esquema híbrido. Só solto os pombos duas vezes por semana, dando ligeiramente menos comida na véspera, e alimentando mais cedo. Solto no dia seguinte em jejum e após novos e velhos esticarem as asas, e nunca mais de ¼ de hora chamo-os e dou-lhes de comer. Serve para os habituar a entrar e para desaconselhar o pernicioso vicio de deambularem pelo telhado ingerindo todo o tipo de porcarias que ali podem encontrar.

 

    Boa muda para todos.

 

                                   Carlos Franco