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OS VERDADEIROS HERÓIS DO DESPORTO 08-01-2007

 

OS VERDADEIROS HERÓIS DO DESPORTO 

 

 

 

 

            Na noite de entrega dos prémios da minha sociedade apercebi-me de um comentário que me deixou espantado.

 

            Alguém ao receber  um prémio desabafou para o outro que estava ao seu lado: “tenho em casa uma saca cheia de latas destas”.

           

            Fiquei apreensivo. Recuei aos meus primeiros dias de desportista, quando representava a minha escola em atletismo.

            Percebi que à maioria dos columbofilos ninguém tinha ensinado a lição do meu professor de atletismo.

            Como era superior aos restantes colegas de turma, sempre que a aula de ginastica era de corrida lá me punha eu a correr para trás a troçar dos outros.

 

            Um dia ao som dos apitos vi a minha brincadeira interrompida. Perguntou-me o meu professor e treinador que brincadeira era aquela. Depois mandou sentar todos e deu-me um belo de um sermão. Disse tudo o que eu não queria ouvir. Por fim entregou o cronometro a um dos meus colegas e disse que eu e ele íamos correr, e que se eu era mesmo bom então que lhe tratasse de ganhar.

            Não ganhei. Dei tudo por tudo, raivoso com a humilhação. E sempre com a vitória ao alcance da mão não consegui. Rolavam-me as lagrimas na cara disfarçadas pelas gotas de suor. Ainda não refeito ouvi o meu colega fazer a leitura dos tempos. Bati nesse dia o meu recorde pessoal em 4 segundos. Nunca mais na minha vida alcancei essa marca, e no entanto não venci. No dia seguinte o meu professor chamou-me e disse-me que por muito bons que sejamos algum dia alguém será melhor que nós. Depois disse-me também que é no esforço pessoal que está o segredo da vitória, mas que o sabor da Vitória é dado pela dificuldade em alcança-la e não por ela em si.

           

            Foi por isto que fiquei triste ao ouvir o comentário do meu colega de sociedade. Tudo aquilo que ganhei passara a valer menos um bocado, pois certamente esse meu colega não estava na luta.

            Percebi que existem pessoas que não compreendem que quando não ganhamos, mas damos o nosso melhor, estamos a contribuir com um pedaço da taça daquele que está à nossa frente, e que a taça desse é parte da taça do que o precede e assim sucessivamente. E que aquele que ergue a taça do primeiro lugar ergue a taça que todos os outros construíram.

            Ao tentar dar o melhor de nós próprios colocamos uma pressão enorme sobre quem vai à nossa frente e este para se defender faz exactamente o mesmo com que ocupa o lugar à sua frente. Por isso o ultimo classificado, se consciente que deu o seu melhor, poderá dizer que foi com o seu contributo que o primeiro classificado teve o mérito e a qualidade que o tornaram campeões.

            Por isso ainda hoje utilizo o mesmo vigor a aplaudir o primeiro e o ultimo classificado. O Sucesso da columbofilia e de qualquer desporto passa não pela vitória do primeiro mas por todo o trabalho de cada um dos seu praticantes.

 

            Por isso mesmo maior honra é devida aqueles que nunca foram primeiros em nada mas que continuam ano após ano a lutar para dar o seu melhor. É deles a maior taça do desporto, pois são eles os verdadeiros atletas da mais longa maratona.... A maratona da luta individual por um ser humano cada vez melhor.

 

            Se tudo deram, olhem com orgulho para cada uma das “latas” que lá têm em casa, certamente lhes descobrem um brilho e um valor que não se vêm em muitas taças de primeiros lugares.