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ANALISAR, ESTUDAR E COORDENAR ANTES DE SOLTAR 17/12/2013

Decidir de maneira informada e fundamentada antes de soltar é necessário e imperativo nos nossos dias. As tecnologias disponíveis actualmente ajudam-nos a obter a informação actualizada e crucial para uma tomada de decisão consciente. O que se passa a descrever é um “Checklist” que o poderá a ajudar nas tomadas de decisão antes da solta de pombos correio. Coloquei na minha página na Internet http://www.fernandogarrido.loftgest.com/ os “sitios” (considerados por mim) de fácil utilização e que têm demonstrado ser de grande confiança os modelos matemáticos em que assentam.

O primeiro passo é saber interpretar a informação contida nos “sítios” onde se indica a previsão e posteriormente verificar a evolução das previsões indo sempre certificando-se da fiabilidade dos modelos matemáticos. Posteriormente adquirir algum conhecimento para a observação de imagens Radar e de Satélite. Estas últimas são de crucial importância nas provas de Velocidade e Meio Fundo curto e para a análise das dificuldades nos primeiros quilómetros nas provas de Fundo e Grande Fundo.

Este conhecimento não é só importante para os coordenadores de solta mas também para todos os columbófilos que efectuam treinos individuais, em pequenos grupos ou mesmo de colectividades. No início de cada campanha é costume perderem-se demasiados pombos pela leviandade ou “aceleração” competitiva que leva a menosprezar elementos meteorológicos extremamente importantes e cruciais na orientação dos borrachos. Nunca será demais relembrar, mais uma vez, para “minimizar estragos” neste início de campanha que não se deve soltar os borrachos com/quando:

1.     Visibilidade horizontal inferior a 7 Km;

2.     Precipitação no local de solta;

3.     As montanhas imediatamente à frente do local de solta “tapadas”;

4.     Existe uma inversão Térmica muito intensa; (atenção ao fumo que sai das chaminés: se subir e depois descer há inversão.)

5.     Os pombos no interior dos cestos estiverem muito quietos e apáticos: Algo de errado se está a passar - nós não detectamos, mas eles estão a sentir;

6.     Vento de bico superior a 20Km nestas primeiras soltas:

7.     Temperaturas baixas;

8.     Com o Sol baixo.

Quando observarmos as previsões meteorológicas devemos ter em conta que a consideração de “mau tempo” ou “bom tempo” assenta numa interpretação relativa que é importante a familiarização com estas previsões. Se as previsões apontarem “mau tempo” para a tarde, uma solta matinal poderá ser efectuada com sucesso. O oposto também poderá acontecer. Bastará para isso aguardar a decisão e efectuar a solta mais tarde, quando as condições meteorológicas forem mais favoráveis. Deve-se fazer uma chamada de atenção porque, normalmente, as previsões apresentadas com símbolos, em diversos “sítios” da Internet, são efectuadas de modo a realçar os elementos mais importantes ou mais frequentes para um determinado dia, havendo alturas do dia em que não se verifica essa situação ou é diminuta, pelo que se poderá efectuar provas curtas nos intervalos desse fenómeno, antes ou depois. Eu gostaria que quer os coordenadores quer os columbófilos vissem as imagens de Satélite e de Radar regularmente e adquirissem experiência com o movimento do tempo. Esta situação fornecerá aos coordenadores e columbófilos em geral a vantagem de formarem uma ideia de quanto tempo será necessário esperar para que as condições melhorem. Poderá ser visto como não sendo um método muito científico de cronometrar a evolução do tempo, mas será preferível ter algum conhecimento, mesmo que de “experiências feito” do que não ter nenhum.

Não há muito tempo em Portugal cada coordenador ou delegado de solta tinha, espalhado pela Península Ibéria um sem número de informadores nas suas linhas de voo habituais. Na véspera e especialmente na madrugada dos dias de solta esses informadores eram contactados para se obter o máximo de informações possíveis sobre o estado do tempo. Era habitual contactar restaurantes, posto de abastecimento de combustíveis, postos da GNR e PSP e corporações de Bombeiros. Com a instituição, por parte da Federação Portuguesa de Columbofilia, de um apoio meteorológico específico para as soltas de pombos-correio, este processo tem vindo a desvanecer-se, transportando consigo aspectos positivos mas também situações problemáticas nos dias em que a Internet ou os servidores estão em baixo. Os delegados de solta que se conheciam amiudamente e que se falavam “religiosamente” ajudando-se mutuamente nos dias das soltas afastaram-se, parecendo desconhecidos como se o importante fosse o seu distrito e não o bem-estar geral da columbofilia portuguesa. Uma visão abrangente, formadora e integradora de uma vontade colectiva deverá se imposta no figurino de um bem comum.

Um coordenador, apoiado no seu delegado deve manter os contactos físicos habituais no passado para verificar “in loco” as previsões que retira da Internet, ou lhe são fornecidas.

Em circunstâncias normais todos os coordenadores e delegados de solta querem soltar os “seus” pombos o mais cedo possível. Todas as diferentes associações têm milhares de pombos ao seu cuidado no dia da solta. Perante este cenário, de tamanha responsabilidade, todos os cuidados devem ser tomados para soltar os pombos no tempo previsto, a fim de evitar, acidentes, incidentes e cruzamentos. Na parte meteorológica já se abordou, de uma forma genérica, os procedimentos de modo a evitar soltas problemáticas. Ressalve-se que o “hábito faz o monge” e que quem mais se aplicar melhores resultados irá obter nas soltas de pombos-correio.

Na Holanda todos os coordenadores telefonam para a instituição central de modo a saberem os locais de partida e de chegada bem como a hora provável de solta. Os coordenadores da Dinamarca, Polónia, Alemanha, Holanda, Bélgica ou França etc., informam-se e tentam a coordenação para as soltas, trabalhando em estreita colaboração. Um bom coordenador bem informado e conhecedor das soltas realizará melhor a sua missão. O conhecimento do tempo, das soltas e locais prováveis de cruzamentos, conjuntamente com o estudo da velocidade provável dos pombos, leva a que se tenha uma ideia da hora de chegada ao local do cruzamento. Com este cálculo um avanço ou atraso na hora de solta pode evitar os arrastamentos. Este cálculo é fácil nas provas de velocidade e difícil nas provas de fundo pela extensão do cordão dos pombos numa determinada passagem. Tudo parece fácil desde que haja controlo e vontade politica para o fazer. Uma forma de minimizar os arrastamentos resultantes dos cruzamentos é um estudo prévio de calendários e o estabelecimento de corredores com todos os intervenientes nas soltas: as Associações. No entanto deveremos ter sempre em conta, nesta filosofia politica, se pretendemos pombos de corrida, que voam em massa, ou pombos de corrida em que se apela à sua capacidade física e de orientação. A columbofilia a que temos assistido em Portugal, no que respeita às soltas, dá a entender que tem sido cada distrito a puxar para o seu lado. A coordenação de calendários/soltas tem sido difícil e por vezes até tem parecido impossível. Para que possamos compreender esta temática dos cruzamentos, nada melhor que uma imagem. No quadro seguinte representa-se as soltas para Portugal num determinado fim-de-semana de 2013. Ora como temos conhecimento, tem sido comum aos delegados de solta portugueses assistirem a soltas de federações espanholas em território espanhol nos dias em que pelo “tal acordo” caberia a Portugal soltar. Se colocássemos no mapa as soltas de Espanha efectuadas nesse dia, então o mapa ficaria espectacular com a ocupação do espaço aéreo.

 

Resta-nos definir o que pretendemos ou seja: definir objectivos. Continuamos como estamos, todos a “ralhar” para seu lado, discutindo blocos, zonas, entradas e saídas ou mudamos e queremos pombos de corrida que voem em massa ou que se definam para além das capacidades atléticas pela sua capacidade de orientação? Se for esta última a vontade então quantos mais cruzamentos melhor. Ou será que poderemos conviver e diversificar os tipos de provas que efectuamos. Uma coisa é certa independentemente do que possamos escolher, temos que estar aptos no estudo de calendários e possíveis corredores de voo, na coordenações de soltas e familiarizados com as previsões meteorológicas e respectivas observações.