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OUTRA FORMA DE VER A COLUMBOFILIA(encanto ou sofrimento...) 20/01/2015

De fora, ou quase de fora, a prática de columbofilia como diz o fado de Coimbra "tem outro encanto", mas também porque não confessá-lo "outro sofrimento". Sem horários para treinos, refeições, aplicação de curativos ou preventivos, os poucos pombos que voam de uma só vez, estranham um número tão reduzido de participantes a que se habituaram em anos anteriores, mas lá vão quando soltos até às Torres das Flores, cruzando-as em voo rasante e regressam na expectativa de verem as persianas do pombal abertas. Passam 30, 60 ou até 90 minutos em vôo contínuo, e ao contemplá-los não resistimos a uma lágrima de saudade dos tempos em que soltávamos 40 a 50 fêmeas e depois 30 a 40 machos. Somos, ou antes sou assim, uma pessoa demasiado frágil quando  a alma é direcionada a um alvo ou momento específico que mexe com o coração. Agora soltamos um total de 20(já desapareceu 1 borracho dos voadores) entre machos e fêmeas(tudo junto), pois os brancos, desaparecidos ou perdidos já se foram... ou quase!!!

Não seria justo se os considerasse(aos brancos) como perdidos pois hoje mesmo foram-me anunciados 2, sendo um desaparecido no pombal e que foi ter a Aguiar da Beira, e outro no último treino da área de Viseu que foi ter a Baião. O meu obrigado a quem os anunciou, embora como disse aos achadores, não façam parte do meu leque de opções em termos de futuro. Agradeci e pedi que soltassem quando os recuperassem e se por lá ficarem, que façam deles o que desejarem. Quando os criamos foi com o intuito de os voar em casamentos ou batizados de familiares ou amigos, por isso iniciamos os seus treinos. Não desejamos esquecer o quanto estamos gratos a quem nos ofereceu os seus pais e de cuja qualidade não duvidamos. Mas Vila Real fica para cá do Marão!!!

Se o "milagre" da minha melhoria de mobilidade não tivesse acontecido, como felizmente aconteceu, não estaria agora a ver os meus poucos pombos a voar, mas não deixaria de ir ver os outros, pois o bichinho está cá dentro. Depois de tantas vezes saborear o ser CAMPEÃO na Coletividade e não só, iniciar um campeonato sem ambição confesso que me transmite uma grande nostalgia, numa sensação de "saudade idealizada e por isso irreal por momentos vividos no passado".

Mas porque o passado já lá vai, vivamos o presente e mesmo com uma equipa tão reduzida, eles lá vão voando, aqui em Vila Real, em Olhão, nos Riachos e em Arazede. Todas elas são equipas muito reduzidas, muito pequeninas(nem sabemos se ainda existem), mas farão o favor de me obrigar a estar atento, a viver emoções e a lembrar-me que estou ainda vivo. Com os meus 68 anos de idade ainda sinto o prazer e a felicidade de os ver voar, chegar das provas, ler notícias, dar apoio a uma Coletividade em que assumi a Presidência e quem sabe a uma estrutura como o Pombal Municipal e Aldeia columbófila, e por isso esta nova forma de fazer e ver a Columbofilia, servindo causas e pessoas enquanto elas o desejarem, mantem-me no minimo ativo, o que para mim é motivo de grande realização e felicidade.

No sábado parece regressar um tempo propício ao planeamento do treino dos pombos e 19 dos nossos 20 atletas resistentes irão até onde os levarem. Vamos regressar ao tempo em que iniciamos a prática da columbofilia, voando com todos os pombos juntos. Alguns reprodutores que òbviamente não têm asa nem estão aduzidos, ficarão no pombal a assistir ao voo das suas companheiras. Feliz campanha desportiva para todos, incluindo aqueles(muito poucos) que gostariam de me ver longe da competição, vá-se lá saber porquê, quando afinal cada vez somos menos...

Hernâni Carvalho - VILA REAL