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Onde estavas no 25 Abril ? 24-02-2014

 

Esta celebre frase de Baptista Bastos reflete bem o sentimento que estou a sentir em relação ao Fim do Fórum, Columbofilia.net

Já reparou que em Portugal os columbófilos não discutem os nossos problemas comuns?

Insultam-se.

Já reparou que os comentadores, os que escrevem ocasionalmente no fórum, coisas acertadas e ninguém lhes liga nenhuma?

Por mim falo. E continuo a batucar nas teclas e a publicar toscas prosas porque sou teimoso e divirto-me a chatear uns e outras daqueles que se julgam importantes.

 

Quando li o comunicado no columbofilia.net esta foi a música que me veio a cabeça instantaneamente:

Ermelinda Duarte: Somos Livres (uma gaivota voava voava)

Ontem apenas
fomos a voz sufocada
dum povo a dizer não quero;
fomos os bobos-do-rei
mastigando desespero.

Ontem apenas
fomos o povo a chorar
na sarjeta dos que, à força,
ultrajaram e venderam
esta terra, hoje nossa.

Uma gaivota voava, voava,
assas de vento,
coração de mar.
Como ela, somos livres,
somos livres de voar.

Uma papoila crescia, crescia,
grito vermelho
num campo cualquer.
Como ela somos livres,
somos livres de crescer.

Uma criança dizia, dizia
"quando for grande
não vou combater".
Como ela, somos livres,
somos livres de dizer.

Somos um povo que cerra fileiras,
parte à conquista
do pão e da paz.
Somos livres, somos livres,
não voltaremos atrás.

 

Eu fiz 41 anos a poucos dias e esta foi sem dúvida uma das músicas da minha infância. “ Como ela somos livres, somos livres…”.

Ou seja, eu já era nascido quando se deu o 25 Abril de 1974. Portanto posso dizer que cresci com os valores de Abril.

Arrepia-me qualquer forma de censura, deixa-me perplexo que em pleno século XXI, esse tipo de pressão ainda possa existir.

Venha ela de onde venha. Porque só através de uma chantagem se consegue acabar com um espaço de liberdade de opinião.

É lógico que este espaço também tem coisas menos boas, mas  criaram-se 1300 tópicos, foram escritas 12.000 mensagens, discutiu-se columbofilia por este pais fora, com temas que apareciam no fórum.

Perdeu-se um património de consulta, onde novos e velhos aprenderam com os testemunhos de muita gente.

Este fórum deu azo a comentários de grande nível e que em muito orgulharam a columbofilia Portuguesa.

Deu origem a que muita gente nas suas páginas pessoais, escreve-se artigos de grande nível e com respostas magníficas a desafios que lhes tinham deixado no fórum. Recordo os artigos de opinião do Dr. Luis Silva, através da sua página pessoal “ Os cometas “. Se isto não é discutir columbofilia, é o que?

Com o Fim do Fórum a era do vazio atingiu o seu máximo esplendor. A vacuidade e a frivolidade campeiam no columbofilia.net.

Os jornais columbófilos perderam a tradicional capacidade de fazer reflectir, não é com artigos dos” Pardalitos “ e contos que vamos lá. Esta modinha da “ distanciação “ e de escrever o politicamente correcto, afugentou leitores e transformou “ jornalistas “ em meros gravadores ambulantes.

Os grandes problemas nacionais não são explicados, e tudo é feito superficialmente.

 Um exemplo: a abertura do ano desportivo.

Os jornais limitam-se a publicar locais de solta. Ninguém fala sobre possíveis alterações ao regulamento, sobre novas fórmulas de apuramento dos campeões Nacionais. Sim meus amigos o que esta em vigor esta mais que provado que não serve os interesses da maioria.

Formas de fiscalizar os campeonatos e exposições. Alterações ao programas de classificações, etc.

Isto que se passou nas Caldas da Rainha com o Porto. Foi uma vergonha….

Gostei da pronta intervenção da F.P.C e ainda gostei mais do comunicado com nível que escreveram em reacção as declarações proferidas no célebre vídeo do MC.

Acabar com este Status quo com que a Associação do Porto nos tem brindado nos últimos anos, de uma forma educada e de nível, dizendo, meus amigos estão avisados, a partir de agora sofrem consequências.

Parece que estamos num mundo de irrealidades absolutas, no qual os verdadeiros assuntos nacionais sobre columbofilia são tratados a polé.

O conflito que é por natureza a essência da democracia desapareceu.

Apesar de não concordar com muito do que lá se escrevia. Sempre achei que os conflitos no fórum são um processo de democracia. Significa que existem opiniões, diferentes, que existe movimento, que existe mudança.

Que seriamos nos hoje sem Camus, Sartre, Merleau-Ponty, homens que marcaram o pensamento Europeu???

Quer será da columbofilia sem nomes de referência, que nos ajudavam a reflectir e a questionar o nosso tempo?

Há quem aceite esta paz podre e pobre do Fim do Fórum. Eu não.

Esta ausência da cultura portuguesa nos debates que ela própria devia suscitar e incrementar, atingiu, já, o território da demissão moral.

Eu sei que Pensar é perigoso e, habitualmente, interpela e põe em risco os poderosos e a sua ideologia.

Mas a columbofilia portuguesa precisa de um sacolejão valente, que a desperte desta trágica letargia. Estamos todos anestesiados? Não o creio….
 

Os avisos de Inácio Oliveira são por demais importantes para que os entendamos como birras pessoais. Assim como as revelações frequentes do António Morais, chamam a atenção para a gravidade da nossa inércia.

Inácio Oliveira nunca ocultou o profundo desprezo  que experimenta pela direcção da F.P.C. E, com as armas e os utensílios que lhe são comuns, tem manifestado, sem rebuço nem hipocrisia, os seus sentimentos. Em artigos, declarações, entrevistas, opiniões públicas, depoimentos, jamais dissimulou os seus verdetes por aqueles que considera um dos maiores fautores dos nossos infortúnios. Não é de agora.

Posso discordar dele muitas vezes, mas acho importante, que numa sociedade como a nossa existam estas vozes discordantes para nos fazer pensar e reflectir um pouco, ou talvez até reflectir muito.

Não gosto do método utilizado e muitas vezes critico a forma como é feito. Mas sou culto o suficiente para em democracia perceber o que lhe vai na alma e compreender o porque da sua revolta.

A veemência com que Inácio Oliveira invectivou o antigo Presidente da F.P.C, teve uma razão de ser: Com a secura de números ( Mandou fazer inquéritos reais ou o mais real possível) e a prova da grande incompetência amplamente demonstrada por uma Federação, cada vez mais pródiga em proteger as grandes empresas ( Versele Laga e Casa dos Cereais) e em abrigar os seus amigos ( FCI, Associações, etc).

Atenção que isto são palavras baseadas em textos tornados públicos por ele.

Não o estou a defender, nem a concordar com aquilo que ele escreveu ou disse sobre as pessoas.

Estou a dizer que através dos números publicados, das coisas que dizia, fez o País pensar columbofilia.

Alertou para a perda de columbófilos, alertou para Mira, etc…

Disse coisas muito más, disse, tinha razão, numas sim noutras acho que não.

Até eu fui atacado pessoalmente por ele.

Eu respeito a diferença de ideias e como tal, consigo compreender outros pontos de vista.

Deve ser a minha veia Social-democrata.

Em relação ao António Morais, antes de mais, agradecer pelas palavras que me endereçou num dos seus escritos.

Eu nunca escrevi nada, sobre aquilo que escreveu, porque achei que os seus textos são de grande qualidade. A análise que fez as contas de Federação, estavam muito bem esmiuçadas. Com ideias e números muito certinhos. Soluções, ideias e inovações.

Nessa analise esta bem patente a cultura nipónica que esteve habituado durante anos.

Mas tanto o Morais como eu, sabe que em Contabilidade existem rubricas que por vezes não reflectem a realidade. Originando que na sua análise e sem conhecimento de causa, ou dos porquês, se possa fazer comentários, que por vezes podem ser injustos ou menos correctos. Os contabilistas, por vezes tem técnicas, de justificar o injustificável, através de jogos contabilísticos.

Dai eu me ter remetido ao silêncio a quando da análise detalhada que fez rubrica a rubrica. Porque uma coisa é os números outra coisa é a realidade da coisa ou os motivos desses números terem esses valores.

Uma coisa é certa, foi depois das suas análises ponto a ponto que o Fórum desapareceu.

Aqui estou a ser irónico, mas é o que os columbófilos me têm dito. Já viste Pedro, o Morais escreveu sobre a Federação e zás, apagaram o Fórum.

Sinceramente espero que isso não seja verdade!!!! Digo eu sempre que sou abordado sobre isso.

Penso que tem mais a ver com as Guerras pessoais do Dr. Ferdinando e do Morais.

Quanto a sua Guerra com Lisboa, bem isso já é Bem antiga e nunca iria comentar um assunto vosso.

Não me revejo no desfilar do rol de incapacidades que o Morais atribui ao seu Presidente, nem na forma implacável, que nessa e noutras matérias, o Morais insiste em denunciar os malefícios do compadrio e as notórias deficiências dessa Associação.

Eu sou dos 1ºs apoia-lo quando quer combater a inércia de que diz que o seu distrito é vitima.

Mas fico cansado quando bate tantas vezes no ceguinho, ao ponto de as pessoas já terem pena do cego.

 O nosso prosear deve sempre ser cortês, delicado e afável, mesmo quando nos referimos a alguns tunantes. Penso eu….

Nunca devemos ter necessidade de Palco, e isso ultimamente na minha modesta opinião, não estava a ser respeitado….

 "O que mais profundamente me impressiona e me repugna na camada moderna é, sobretudo, a esterilidade de coração, a secura de sentimento, a absoluta ausência de espontaneidade, o áspero egoísmo levando, até, à desumanização e ao abastardamento dos caracteres."

O columbófilo comum, que sobrevive asfixiado entre o desemprego, o fisco, a multa, a humilhação, o vexame, a fome, a doença, a miséria, os impostos, as taxas moderadoras, a demolição do amor, o divórcio, a emigração, e outra vez a fome, a doença, a miséria, os impostos, esse português desorientado, desgraçado e triste sem remissão - que pode fazer ele?, que pode?

 Em cada um de nós reside a resposta sobre o compromisso com a honra e a recusa da servidão e da indignidade.

Acho que o fórum deve voltar, porque não podemos viver no interior do medo de expressar a nossa opinião. A Inquisição e Salazar são tempos que já lá vão.

Desculpem a longa prosa, mas não podia ficar calado sobre este tema….