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Paratifose 14-05-2009

Paratifose / Salmonelas

 

Paratifose é uma doença causada pela bactéria Salmonella Typhimurium e foi sempre um dos grandes problemas do desporto columbófilo.

Existem diferentes tipos de Salmonela, estas diferentes estirpes apresentam sintomas distintos na forma como se manifestam nos pombos.

Os sintomas apresentados pelos pombos dependem da sua idade, do seu nível de imunidade.

A doença pode-se manifestar de 4 formas:

- Intestinal – Manifesta-se através da clássica perda de forma, enfraquecimento ou emagrecimento, excrementos esverdeados com muco, perda de apetite e morte rápida.

Esta sintomatologia é mais frequente nos borrachos novos que ainda não tem o seu sistema imunitário desenvolvido.

Os pombos adultos com alguma imunidade conseguem localizar a infecção num sítio em particular. Normalmente nas membranas a volta do cérebro ou nas zonas de articulações. Surge então a forma:

- Cerebral (Meningite) – Inflamação das membranas a volta do cérebro, que uma vez inflamadas interferem com o funcionamento do cérebro, provocando a típica descoordenação motora do pombo, colocando a sua cabeça em posições bastante invulgares ( torcicolo)  e voando de forma estranha e descoordenada, pode também provocar cegueira ou paralisia.

- Articular – Presença de uma bolha (nódulo)  mole, avermelhado na asa, pernas ou outras zonas articulares. Pombo coxeia ou tem a asa descaída ( chamado mal da asa).

 

Pode se dar em pombos de qualquer idade, mas sobretudo nos adultos, a bactéria pode penetrar o intestino e entrar na corrente sanguínea, espalhando-se por diversos sítios do corpo do pombo, provocando assim a forma:

- Generalizada – Atinge vários órgãos internos do pombo, o columbófilo nota logo que o pombo esta muito mal, perda de peso drástica morte em pouco tempo.

A bactéria aloja-se no sistema reprodutivo dos machos e das fêmeas provocando infertilidade. Sobretudo nas fêmeas infectadas, estas continuam o ciclo de disseminação da doença quando põem os ovos, normalmente estes borrachos morrem no ovo ou não conseguem nascer ( não tem força para quebrar a casca do ovo, picam mas morrem lá dentro)

A Salmonela tem um índice de mortalidade muito elevado, sobretudo quando envolve borrachos ou pombos novos com o sistema imunitário debilitado.

O mais chato desta doença é que os pombos que recuperam nem sempre conseguem eliminar do seu organismo a bactéria, tornando-se assim portadores da doença, apesar de não apresentarem sintomas. Tornando-se assim focos de propagação da doença. Normalmente estes portadores de tempos em tempos apresentam uma diarreia esverdeada. São estas fezes que são nova causa de infecção. Mas outros animais podem ser portadores da doença como pássaros selvagens e roedores (ratos, ratazanas). Nunca se deve ter ao pé dos pombais galinhas, passarada ou animais de estimação, os pombos são muito vulneráveis a doenças.

Porque uma vez a bactéria colocada na colónia, esta desenvolve-se e alastra de uma forma muito prejudicial para todo o efectivo.

Um pombo portador num pombal de reprodução pode dar cabo de uma colónia em pouco tempo, visto que pode infertilizar uma serie de fêmeas e comprometer toda uma época de reprodução.

A Salmonela torna-se difícil de controlar porque:

- Portador da doença pode ser difícil de identificar e difícil de tratar

- O organismo causador da salmonela sobrevive e multiplica-se no ambiente com muita facilidade

-Pode ser transmitido por outros (sapatos, roupas do columbófilo, pássaros, ratos, etc.)

 

Factores de Controlo

 

Controlo da doença é baseado em práticas de Boa Higiene e manutenção cuidada da colónia em termos de alimentação e aumento do sistema imunitário natural dos pombos, correcto uso de medicamentos, sobretudo eliminação de portadores, controle ou extermínio total de ratos e limitar ao máximo a entrada de pássaros dentro dos pombais.

Deve-se fazer tudo por tudo para evitar a entrada do organismo no pombal. Seguir praticas de quarentena e colocar um pedilúvio na entrada e/ ou saída dos pombais ( uma boa pratica é ter uma esponja embebida em desinfectante assim sempre que entra no pombal pisa a mesma e esta executa a sua função desinfectante, ter mudas de roupa, etc.)

 

Evitar novas introduções no pombal

Devido a natureza do desporto columbófilo, que obriga ao contacto de diversos pombos de diferentes colónias a quando do transporte para as provas, todas as semanas, aumenta consideravelmente o risco de infecção. Contudo em termos de reprodução, as introduções são feitas directamente pelo columbófilo. Todas estas novas introduções devem ser vistas como um potencial portador da doença (pombos que aparentam estar bem são portadores invisíveis da bactéria, uma vez que não revelam sintomas). Em situações de stress, voltam a libertar o organismo através das suas fezes, iniciando novamente o ciclo de infestação. Uma análise bacteriológica efectuada pelo seu veterinário a estas fezes pode detectar a presença do organismo. Mesmo mandando analisar de uma forma rotineira as novas introduções, junto do seu veterinário, nem este lhe pode garantir uma segurança total, visto que existem pombos que dão negativo no teste, contudo são portadores da doença

Suspeitar sempre de pombos que desenvolvam uma diarreia esverdeada mesmo que seja de tempos a tempos.

Introduzir pombos, em particular de colónias suspeitas, os mesmos devem ser isolados e tratados com Baytril durante 10 dias antes de se juntarem aos outros pombos.

O antibiótico só actua sobre a bactéria quando esta está presente na corrente sanguínea do pombo, contudo os pombos portadores podem-na ter localizado em sítios inacessíveis ao antibiótico, um exemplo disso:

“ O pombo pode desenvolver um processo infeccioso no fígado, criando um nódulo encapsulado no mesmo, não permitindo o acesso do antibiótico “

Resumindo não existe uma segurança a 100 % , mesmo tendo feito um tratamento preventivo.

Contudo desenvolvendo um período de quarentena antes da entrada no pombal de reprodução, fazendo uma serie de tratamentos preventivos com antibióticos durante a mesma, mandando analisar as fezes com alguma regularidade desses pombos em quarentena, tratando ou eliminando todos aqueles que adoecem durante a quarentena, consegue-se minimizar o risco.

 

Higiene

Conforme foi referido anteriormente, o organismo (bactéria) não só sobrevive como ainda se multiplica no ambiente (pombal).

Torna-se necessário que pombal, comida, utensílios, bebedouros e água sejam desinfectados. Desta forma impede-se que os organismos se desenvolvam. Caso tenha um problema de salmonelas declarado no pombal uma desinfecção a base de cloramina é uma boa prática.

Esta solução é pulverizada por todo o pombal depois de este ter sido raspado e limpo, usa-se uma nublização fina que permita o pombal secar enquanto os pombos se exercitam.  

Cloramina pode ser usada para desinfectar a água, assim como os comedouros com um elevado grau de segurança para os pombos.

                                                                         

Cloramina (monocloramina) é um composto químico com a fórmula NH2Cl. É normalmente usado na forma de solução diluída onde é usado como um desinfetante . O termo cloramina também refere-se a uma família de compstos orgânicos com a fórmula geral R2NCl e RNCl2 (R é um grupo orgânico). Dicloramina, NHCl2, e tricloreto de nitrogênio, NCl3, são também conhecidos.

 

Uso Correcto de Medicação

 

São muitos os antibióticos que têm acção sobre a Salmonela. O que a grande parte dos veterinários fazem é prescrever aos pombos que estão doentes é Baytril na dose de 1 ml por litro de água para tratamento de todos dos pombos ou 3 gotas duas vezes ao dia por pombo nos tratamentos individuais ou usa-se também ½ comprimido de Baytril a 15 mg, durante 10 dias em ambos os casos.

Tratamentos regulares ou preventivos curtos contra a Salmonela devem ser desencorajados, porque a administração regular de antibióticos pode predispor os pombos para o problema, visto que este uso de antibióticos mata a flora intestinal boa do pombo “ bactérias benéficas” que impediam a colonização no intestino das bactérias da salmonela. Quando a administração dos antibióticos para, existe um período muito curto no qual o intestino é recolonizado pelas bactérias do meio ambiente de onde vive, é neste período que a salmonela se pode instalar.

Dar constantemente preventivos aos pombos pode fazer com que a salmonela ganhe resistência aos antibióticos. Deve-se tratar só os pombos doentes e deixar os outros pombos saudáveis sem tratamento uma vez que estes ganharam defesas imunitárias contra a doença.

O uso regular de probióticos diminui a incidência de salmonelas. Porque?

Existem culturas de bactérias que desenvolveram uma estreita relação simbiótica com os animais de sangue quente. Têm no hospedeiro o ambiente e a temperatura propícia ao seu desenvolvimento e encontram nele nutriente e substâncias essenciais.

Em troca, o hospedeiro recebe suporte bacteriano nos processos digestivos. As bactérias produzem nutrientes essenciais como as vitaminas, estabilizam a flora intestinal, fortalecem o sistema imunitário e no caso dos pombos defendem a entrada de outras bactérias ( as patogénicas) como por exemplo as salmonelas, coccídeos , E.Coli, cândida, hexamitas, etc.

Os probióticos são microrganismos encontrados nos intestinos de animais saudáveis, sem stress. A título de exemplo falamos dos lactobacilos (encontrados nos iogurtes ou em outros produtos lácteos), mas existem muitos mais e muito importantes para a saúde dos nossos pombos.

Estas bactérias benéficas produzem ácido láctico, peróxido de hidrogénio, antibióticos naturais e outras substâncias activas que ajudam no controlo das bactérias nocivas como a E. Coli e as salmonelas, que embora presentes no intestino do pombo estão em níveis muito baixos, mas a mínima oportunidade ou decréscimo das defesas imunitárias do pombo começam a multiplicar-se e dão origem a um foco de doença.

Certos estudos indicam que o PH no intestino delgado de um pombo saudável é de 6,5. Sendo por isso pouco ácido. Noutras partes do corpo do pombo o PH é diferente como por exemplo no papo é 4.5 e no estômago 2,5.

Os probióticos ajudam na regulação do valor do PH do intestino e criam um tipo de um muco protector que se aloja nas células receptoras da parede intestinal, que não permite que as bactérias patogénicas se desenvolvam.

 

Procedimentos a implementar no caso de um surto de salmonelas declarado no Pombal

 

 

Não existe um método padrão, porque cada caso é um caso e depende do grau de severidade com que a salmonela atacou os seus pombos.

Por exemplo se em 100 pombos só 1 ou 2 desenvolveu uma infecção nas articulações (nódulo na asa, inchaço na pata, etc.) são separados e começam a levar tratamento individual com Baytril durante 10 dias. Procede-se a limpeza profunda e desinfecção de toda a colónia e pombal para que os outros não estejam expostos ao organismo patogénico. Se os pombos doentes separados responderem bem ao tratamento podem ser reintegrados no pombal ao fim de 10 dias. Se a recuperação for lenta ou não estejam recuperados ao fim de 10 dias, a não ser que se tratem de pombos de grande valor, caso contrario o melhor é proceder a sua eliminação (visto que não conseguiram limpar o seu organismo ao fim do tratamento podem passar a ser portadores crónicos).

Por outro lado se o número de pombos doentes é muito elevado então um tratamento com Baytril deve ser considerado durante 10 dias. Torna-se pouco provável que consiga eliminar a doença da colónia já que o organismo vai sempre ficar presente nalguns portadores e de tempos a tempos vai ter uma reincidência da doença. Medidas de higiene e desinfecção são para ser implementadas o mais rápido possível e eliminar todos os pombos que não tenham valor que recuperaram mal ou mostrem sinais de doença.

Se a salmonela esta sempre ocorrer na sua colónia, significa que não esta a prestar aos seus pombos os cuidados devidos, deve por isso rever todas as suas práticas columbófilas pois esta a errar em muitas delas, sobretudo no que diz respeito a controlo de ratos e pássaros, assim como medidas de higienização e desinfecção.

Os pressupostos de manuseamento fase a um surto de salmonelas podem ser separados em 3 níveis, tendo como base a severidade do surto:

Nível 1 – Grande parte dos pombos estão bem, temos menos de 3 % de pombos doentes, existe um bom ambiente no pombal

Medidas a tomar: Separar os pombos doentes, trata-los individualmente com Baytril 3 gotas pombo dia durante 10 dias. Desinfecção e limpeza profunda da colónia. Administrar probióticos. Pombos recuperam, voltam para o pombal, não recuperam, são eliminados.

Nível 2 – Mais de 3 % dos pombos estão afectados, surgem novos casos todos os dias, demonstrando assim que existe uma disseminação da doença.

 

Medidas a tomar: Separar e tratar os pombos doentes como se explica a seguir. Desinfecção e limpeza profunda da colónia com desinfectantes fortes  anti-bacterianos e virais (Virocid, Virkon, Limoseptic, etc) Parar toda a reprodução, matar todos os borrachos nascidos ou no ninho, mandar fora os ovos. Todos os pombos recebem um tratamento de 10 dias com Baytril, 1 ml litro de água, seguido de 7 dias a probióticos. Passar a dar probióticos 3 vezes por semana numa base regular até que seja necessário

Nível 3 – Ocorrências de surtos de doença de tempos a tempos, afectando um numero significativo de pombos

 

                Medidas a tomar : Seguir um protocolo de vacinação

 

Protocolo de Vacinação

Existem varias vacinas contra as Salmonelas disponíveis no mercado. Contudo essas vacinas têm um problema porque podem não proporcionar uma protecção efectiva aos nossos pombos, uma vez que existem diversas estirpes de salmonela que podem afectar os nossos pombos. A vacina para ser efectiva deveria ser desenvolvida para a estirpe que esta afectar a colónia naquele momento.

A vacinação consiste em injectar pequenas doses de bactérias de salmonelas mortas, que permite que o organismo do pombo fique exposto a essas bactérias, criando no organismo imunidade fase a essas bactérias, sem correr o risco de desenvolver a doença. Normalmente procede-se a 2 vacinações com entreva-lo entre elas de 4 semanas, seguida de vacinações anuais.

Porque a vacina contem a bactéria morta ( toxina), existe sempre a possibilidade de existir uma reacção a mesma. É por isso aconselhado a vacinar, uns quantos pombos primeiro, ver a reacção, 3 dias depois se não existirem reacções proceder a vacinação completa de todos os pombos.

Uma armazenagem correcta da vacina é muito importante, já que a mesma não pode ser congelada porque isso poderia criar uma libertação de uma endotixina muito prejudicial aos pombos.

Vacinar ou não depende do potencial de exposição dos pombos a doença, do risco que o columbófilo, esta disposto assumir e do custo.

Vacinas podem causar uma reacção e fazer os pombos sentirem-se mal com eles próprios. Só pombos adultos e saudáveis deveram ser vacinados. A melhor altura para vacinar é depois da reprodução terminada e depois da muda. Mas sempre antes da época dos concursos.

Vacinação durante a campanha deve ser evitada, uma vez que retira a forma aos pombos. Vacinar pombos enquanto estes estão a chocar ou alimentar borrachos pode provocar um abandono e desinteresse pelo ninho.

Deve-se alimentar e abeberar muito bem os pombos antes de se vacinar contra as salmonelas, já que muitos vão estar mal durante 8 a 24 horas após a vacinação, não comendo nem bebendo.

Pombos com menos de 12 semanas de idade não devem ser vacinados

Quando um surto surge e se decidiu em conjunto com o veterinário proceder a vacinação, é importante vacinar todos os pombos que aparentam estar bem e que estão em contacto com os infectados. O Ideal é tratar todos os pombos com antibiótico durante 2 dias, Ex. Baytril, antes de vacinar. Isto porque existem pombos que estão numa fase inicial da doença mas não apresentam sintomas e aparentam estar normais, a vacina poderá fazer com que pareçam mais doentes, este efeito será minimizado se inicialmente um pré-tratamento foi feito com antibiótico.

Passos a seguir do protocolo de vacinação:

1 – Pombal com vários pombos que apresentam sinais de Salmonela

2- Veterinário faz recolha de amostras e detecta a presença da infecção

3- Separação dos pombos doentes e eliminação dos severamente afectados

4- Inicio do tratamento com Baytril ( ou outro  antibiótico recomendado pelo Veterinário) durante 10 dias. 2 dias após o fim do tratamento com antibiótico. Vacinar ( 1ª vacinação) todos os pombos que se encontram bem.

5 – Pulverizar a colónia com um desinfectante semanalmente e lavar muito bem bebedouros e comedouros diariamente com cloramina

6- Monitorizar todos os pombos de perto e mandar fazer analises com base regular as fezes, providenciar uma boa condução da colónia em termos de higiene e alimentação, fornecer probióticos

7 – Proceder a 2ª Vacinação 4 semanas após a 1ª

 

Produtos referidos no texto:

                                                                           

                                 1 ml / litro                                              1 ou 1/2 comprimido 15 mg               

 

Outras soluções:

                                                                                1 ml / Litro

 

Recomendado sobretudo para preventivos

Dose: 1 Saqueta 2 litros d água ou colher medida litro

 

Probióticos recomendados:

             Um dos melhores produtos no mercado. Formulado especialmente para o intestino do pombo.

 

 

BelgaBac - Concentração de probiótico em pó, soluvel em água enriquecida com electrolitos.

Proporciona uma melhoria da flora Intestinal. Optimo a seguir a vacinações ou depois de tratamentos com antibioticos.

Estimula o sistema imunitario dos pombos.

Dose: 1 saqueta 2 litros de água ou 2 colher medida litro de água duas vezes por semana

Em caso de diareia ou a seguir a tratamentos intensos pode-se duplicar a dose e prolongar por 5 dias

 

 

                                                          Reforço do sistema Imunitario