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Como manter a saúde da colónia ? 23-12-2008

Como manter a saúde da colónia ?

 

 

Nos dias de hoje torna-se quase impossível manter uma colónia saudável sem o recurso a medicamentos, quer seja através do recurso a um programa preventivo de tratamentos ou quer se trate de um tratamento individual caso a caso.

Contudo devemos ter sempre presente que devemos usar medicamentos o mínimo possível.

 

Não sou veterinário nem tenho estudos nesse sentido, mas pretendo com este artigo e através de regras básicas tentar manter a colónia a mais saudável possível e prevenir a grande maioria das doenças.

 

“ Uma das regras fundamentais na prevenção de doenças e sua propagação é não permitir o contacto dos pombos doentes com os restantes pombos saudáveis da colónia”

 

Torna-se por isso necessário ter-se uma zona afastada do pombal, onde se possa manter os pombos doentes, durante os tratamentos e consequente recuperação. Este hospital de campanha serve como local especialmente reservado para esse efeito. Devendo depois ser completamente desinfectado antes de se colocar lá mais pombos para receberem tratamento.

 

Parte de cada columbófilo a responsabilidade de proteger o seu pombal de forma a evitar a entrada de pássaros e outras aves. O contacto destes seres selvagens com os nossos pombos pode ser bastante nefasto, visto que transportam vírus e bactérias para dentro do nosso pombal. Uma boa parte dos problemas respiratórios deriva do contacto de pássaros e aves selvagens com os nossos pombos.

 

Torna-se necessário que exista um programa de controle de ratos e evitar o contacto destes com bebedouros, ração, comedouros, etc. Uma grande parte dos problemas com salmonelas deriva do facto de os pombais terem ratos. A compra regular de um pacote de “ Racomim, Ratibom, etc..” evita muitos tratamentos desnecessários, sendo que alguns deles deixam marcas nos nossos pombos. O columbófilo deve ter o cuidado de ao colocar as pastilhas ou sementes envenenadas não permitir o acesso dos roedores a bebedouros porque senão podem envenenar os nossos pombos. Uma vez que os ratos actuam mais a noite, deve-se colocar os iscos no pombal a noite e retirar os bebedouros e restos de comida. Um pombal com ratos dificilmente será um pombal Campeão.

 

Mas existe um ser pior que os ratos, pássaros, etc. na disseminação de doenças. Nada mais nada menos de que nos próprios “ Os columbófilos “. Nos representamos um risco para os nossos pombos porque através do transporte de seres patogénicos através dos sapatos, roupa, cabelo, pele….mas sobretudo através das aquisições que fazemos de pombos seja em leilões, ofertas, compras, perdidos e achados, etc.

 

Esta situação das introduções torna-se demasiado importante porque é a que tem causado mais danos na columbofilia. Muitos columbófilos introduzem juntos dos seus queridos pombos verdadeiras bombas relógio no que diz respeito a doenças. Uma introdução mal calculada pode dar cabo de anos de trabalho, podendo a doença arruinar por completo um pombal.

 

A humanidade nos tempos medievais criou aquilo que hoje designamos de quarentena. Essa quarentena tinha de ser seguida, o não cumprimento, significava a morte.

Isto revela o quão significante esta medida é. Depois tem outro aspecto interessante que é o seguinte: Com um pouco de atenção e com um custo bastante reduzido e fácil de implementar nos nossos pombais.

 

O objectivo principal é evitar o contacto do pombo ou pombos, adquiridos com os pombos da nossa colónia.

Esta medida torna-se necessária porque não são só os pombos visivelmente doentes que estão infectados, pombos aparentemente saudáveis podem ser portadores de doenças.

Um pombo que sobreviva a uma doença pode já não apresentar sintomas mas pode continuar a libertar seres patogénicos em grandes quantidades, infectando assim o ambiente que o rodeia. A Salmonela é um desses casos. Pode se manter no corpo de um pombo durante muito tempo sem dar sintomas. Esse pombo em contacto com uma colónia que nunca tenha tido essa variedade de salmonela pode ter um efeito devastador.

 

Como desenvolver um programa de quarentena?

 

Criar um local ( gaiola, caixa, pombal externo) no quintal onde se vai colocar os pombos recentemente adquiridos.

Este local não deve permitir o contacto com os pombos da nossa colónia de forma alguma. Não devem existir trocas de ar entre o local da quarentena e o pombal residencial onde os nossos pombos estão. De preferência edifícios separados ou numa zona ao fundo do quintal. Ter em atenção de ver de onde sopram os ventos predominantes e colocar a zona de quarentena de forma a que esses ventos levem os agentes patogénicos para longe do nosso pombal e nunca na direcção do nosso pombal.

 

A zona de quarentena deve estar equipada com comedores e bebedouros próprios e exclusivos dela. O princípio presente é: tudo pode ser colocado na quarentena, mas nada pode ser retirado. Quando termina o período de quarentena então sim é tudo desinfectado rigorosamente.

 

Devemos ter uma roupa exclusiva para o pombal de quarentena, assim como sapatos. Não era má ideia colocar em frente ao pombal de quarentena um tabuleiro com uma esponja embebida em desinfectante para que cada vez que se entra-se ou sai-se pudéssemos desinfectar os sapatos. Torna-se bastante eficaz.

Torna-se necessário após trabalhar na zona de quarentena lavar bem as mãos.

Um Bom planeamento da limpeza e alimentação torna-se necessário. Devemos tratar sempre 1º os nossos pombos principais e depois quando já não voltamos ao nosso pombal principal tratamos dos pombos da quarentena.

 

Período de quarentena ?

 

Existe uma variedade de doenças que para se demonstrarem  levam dias ou semanas. Por isso não existe um período exacto para se fazer uma quarentena. Mas o Bom senso diz que se deve fazer um período de quarentena de 3 ou 4 semanas para se prevenir epidemias.

 

 

 

Procedimentos associados a uma quarentena?

 

Fazer uma observação regular do novo pombo ou pombos em quarentena de forma a detectar sintomas de doença.

 

Procedemos então a uma desparasitação quer interna (vermes traqueia, intestinais, etc.) quer externa ( piolhos, ácaros, moscas).

 

No meu caso uso 10 ml / l  de Moxidectina ( Cydectin da Fort Dodge)e dou um banho com o Ambusch ou pulverizo as penas com uma solução de Permethrin.

 

Nos casos individuais de pombos muito contaminados procedo da seguinte forma : Compro o Ivomec Injectável a 1% ( ovelhas e porcos) faço uma solução na proporção de 1 para 4 com agua esterilizada e dou um injecção de 0.5 ml por pombo. Para ser mesmo eficaz devia se voltar a injectar 7 dias depois. Já recuperei muitos pombos supostamente arrumados de músculos e carnes depois de proceder a este tratamento.

 

Poderíamos proceder a uma serie de tratamentos preventivos usando antibióticos mas isso é desaconselhado. O nosso plano de acção dever ser a recolha de fezes e recolha com um cotonete dos mucos da garganta e enviar para um veterinário para que faça um teste de susceptibilidade. Este teste indica quais os tipos de bactérias patogénicas estão presentes no pombo e qual o antibiótico para as tratar. Usando o teste os resultados do tratamento são muito mais eficazes e não se fazem curas cegas.

 

Durante a quarentena devemos estimular o sistema imunitário do pombo.

 

Poderá ser necessário proceder-se a uma vacinação.

 

Após as 3 semanas terem passado e depois de todos os tratamentos e vacinações estarem completos podemos então juntar o novo pombo a restante colónia.

 

São um conjunto de pequenos passos que nos podem colocar mais perto do sucesso. Neste caso conseguimos manter a nossa colónia saudável com o mínimo de custos possível.

 

 

 

Pedro Lopes