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Columbofilia - O que devemos Fazer 18/10/2012

 

É necessário, fomentar no “novo columbófilo” e no columbófilo em geral, através da formação e transparência, um espírito que fomente o conhecimento baseado no amor ao próprio pombo e nas suas capacidades desportivas. Torna-se urgente dar a conhecer o que fazemos como fazemos e para que fazemos. Teremos necessariamente que prescindir de algo em troca de informação e acção a dar à sociedade para que reconheçam a nossa nova realidade porque, para alguns, ainda estamos associados ao rapaz dos pombos, no sentido pejorativo, que vive na periferia do “bairro da Lata”. Normalmente soltamos pombos quando todos dormem, esperamos os pombos quando ou outros convivem socialmente e vamos para a colectividade com os “relógios” quando os outros regressam a casa: parece que andamos em contra mão social. Aliado a isto, cada vez temos tido mais pombos nos pombais, mais problemas com os vizinhos e com as Câmaras municipais. O repensar desta situação, abdicando de algo em troca de um todo social, será uma mudança profunda que poderá fazer clivagens não pretendidas entre praticantes da columbofilia mas uma melhoria competitiva. A publicidade e uma abertura social só trará vantagens e poderá ser uma saída para estancar este sentir de deserção columbófila.

O problema estrutural da columbofilia coloca-se, muitas vezes, pela falta de confiança e “credibilidade” do sistema associativo e inexistência de tempo para observar, ler e contactar o mundo da columbofilia devido ao “overspeed” e insatisfação actual da nossa sociedade e à desumanização da nossa cultura. A “máquina” está a assumir uma importância crucial para o homem ao ponto de ele se esquecer dos seus laços sociais, familiares e da sua humanização. É necessário parar e pensar, criando e contribuindo para que surja ou que volte a surgir nos nossos amadores um verdadeiro espírito columbófilo. No entanto como se vive uma sociedade capitalista onde a competição financeira é, por vezes, vista como último fim ou salvação da sociedade, não seria negar esta evolução, equacionar uma competição amadora e outra profissional.

Abstraindo-nos da parte económica e focando o fulcro da questão, poderemos verificar que o verdadeiro espírito columbófilo tem que estar alicerçado, forçosamente, num acto de amor pelo pombo, em sentido lato e em sentido restrito nas suas capacidades porque só se pode amar profunda e verdadeiramente aquilo que se conhece. É necessário pois, cultivar nos nossos amadores uma maneira de pensar e sentir que fortaleça o seu “eu”, forçando-o a actuar e a pensar por ele e não por manifestações ou motivações estranhas ao seu sentimento. Deste modo, não deverá continuar a olhar para os organismos associativos como simples servidores e sentir-se como um contribuinte para que estes se possam manter, mas pensar que estes foram gerados, pelos columbófilos, para os servir, dentro das normas sociais. Se este sentir o amor pela columbofilia trouxer luz e se verificar que algo está mal há que ter coragem para mudar. Todos temos conhecimento que as mudanças trazem, por vezes, custos imediatos, constrangimentos normais da mudança, que nos levam a não visualizar as melhorias futuras. Se temos consciência destes factos porque não nos adaptamos? A resposta continua a ser simples e clara: o espírito social foi desagregado e só visualizamos a parte monetária. É o individualismo ou capitalismo social, como lhe queiram chamar, no seu melhor. A columbofilia está baseada em alicerces que podem não ter intersecção com os “princípios” actuais da nossa sociedade. Por um lado o amor pelo Pombo-correio e o “espírito colectivo” ou “socializante” que a competição transmitia e que foi tábua de salvação até ao final dos anos 80 e por outro lado o salve-se quem puder e a lei do dinheiro da sociedade em que vivemos. Sabendo que são incompatíveis e que a evolução não perdoa o saudosismo ou a tentativa vã de levar os columbófilos a ter um sentir como no antigamente é perda de tempo, pelo que a adaptação à realidade é, um acordar por ventura indesejável mas um mal inevitável.