Estudos

SOLTAS EFECTUADAS NO DIA 19 DE ABRIL DE 2014 (Artigo Portugal Columbófilo) 20/08/2014

 

 Em termos meteorológicos, o período correspondente à campanha desportiva columbófila de 2014, caracterizou-se por uma grande “instabilidade”, tendo como primeira consequência o cancelamento e alteração de múltiplas provas e locais de solta e, por inerência, maiores dificuldades e desgaste para os pombos-correio. Apesar de todo o esforço desenvolvido pelos columbófilos, pela estrutura associativa e federativa e pelos diversos agentes, mais directamente ligados às soltas, delegados, coordenadores e meteorologista, esta campanha desportiva que ora findou, fica indubitavelmente marcada pelas ocorrências registadas nas soltas realizadas no dia 19 de Abril.  

Neste dia todas as associações com soltas realizadas em território espanhol registaram chegadas atípicas, com percas significativas, embora, com índices diferentes para as várias associações.

 

Linhas de voo efectuadas nesse dia.

 

Comecemos por analisar o contexto meteorológico em que as soltas se realizaram:

 

Situação meteorológica do dia 19 de Abril:

 

 

As imagens de satélite deste dia, conjugadas com as observações meteorológicas, mostram:

1-            Uma área de nevoeiro na zona de Salamanca - Vilar Formoso, que foi dissipando ao longo da manhã, tendo passado a neblina depois às 09H00 e manteve-se com visibilidade entre 06 e 08 km até às 11h00. O céu apresentava-se nesta área ao final da manhã e durante o início da tarde pouco nublado e localmente muito nublado, em especial por nuvens médias e altas;

2-            Uma vasta área de céu muito nublado no interior norte e centro de Portugal continental, que foi diminuindo ao longo do dia;

3-            A Zona Sul de Portugal continental apresentou sempre céu pouco nublado, localmente muito nublado por nuvens médias e altas;

4-            A zona de Cáceres, Talavera, Manzanares apresentou ao longo da manhã locais com nevoeiro e/ou nuvens muito baixas, tendo nuvens médias e altas a perfazerem um céu muito nublado que, ao longo da manhã foi diminuindo de nebulosidade;

5-            Verificou-se para Norte, Nordeste e Este de uma linha imaginária de Leon, Valladolid, Manzanares a Cartagena, que o céu se apresentou limpo ou pouco nublado por nuvens altas ao longo de toda a madrugada e manhã, passando a geralmente muito nublado, por nuvens médias e altas para a tarde.

6-            Toda a área incluída a Sul da linha: Huelva, Sevilha, Ciudade Real, Linares e Baza, apresentou céu muito nublado por nuvens baixas, nevoeiros localizados ao início da manhã e em especial nas regiões montanhosas com nevoeiro orográficos, apresentando também céu muito nublado por nuvens médias e altas que se deslocaram para Leste ao longo da manhã

 

Como se pode observar nos quadros seguintes só foi reportado precipitação, presumivelmente do tipo chuvisco, nas estações meteorológicas em linha de voo, entre as 07H00 e as 13H00 de Portugal continental, na área de Córdoba antes das 08H00 e na área de Antequera durante a parte final da manhã.

 

 

 

O vento de Oeste/Sudoeste foi fraco ao início da madrugada e manhã tendo aumentado ao longo da manhã nunca tendo intensidade, superior a 20 Km/H, durante este período.

Verificou-se a existência de muitas partículas sólidas em suspensão na atmosfera ao longo da última semana e durante o dia 19 de Abril. Foi reportado por muitos do delegados de solta locais com céu encoberto, visibilidade moderada a boa e pouca “pouca luz”.

 

Variação do campo magnético

Tempestades solares: Só foram verificadas tempestades solares no dia 18 de Abril, pelo que as suas implicações na variação do campo magnético só aconteceriam no dia 20 de Abril.

Sismos: Actividade sísmica anormal no dia 18 e 19 de Abril de 2014. Possível variação do campo magnético ao longo das falhas sísmicas ibéricas, resultante da correspondência da actividade sísmica anormal verificada no dia 18 e 19 de Abril. Verificou-se num período 24 horas sismos de pequena e grande magnitude em todos os continentes

 

Papua, Nova-Guiné

Grau7.5 - 75km SW ofPanguna, Papua New Guinea 2014-04-19 13:27:59 UTC

Grau 6.6 - 59km SW ofPanguna, Papua New Guinea 2014-04-19 01:04:03 UTC

 

México

Grau7.2 40Km S de Petatlan, México 2014-04-18 15H27 UTC

O Serviço Sismológico Nacional do México informou que se verificaram até as 8h30 UTC do dia 19-04-2014, 76 sismos secundários.

 

Sismos acima de Grau 4 verificados entre as 00H00 e as 13H00

Grau 6.6 57km SW of Panguna, Papua New Guinea 2014-04-19 02:04:03 UTC

Grau 5.2 70km SSW of Panguna, Papua New Guinea 2014-04-19 02:08:29 UTC

Grau 4.1 106km WNW of Iquique, Chile 2014-04-19 02:15:11 UTC

Grau 4.3 99km S of Panguna, Papua New Guinea 2014-04-19 02:29:05 UTC

Grau 4.4 79km SSW of Panguna, Papua New Guinea 2014-04-19 03:00:44 UTC

Grau 4.3 90km WSW of Panguna, Papua New Guinea 2014-04-19 04:13:00 UTC

Grau 4.5 12km SSW of Abapo, Bolivia 2014-04-19 04:47:56 UTC

Grau 4.7 5km SSW of Abapo, Bolivia 2014-04-19 05:22:00 UTC

Grau 4.5 78km SSW of Panguna, Papua New Guinea 2014-04-19 06:27:33 UTC

Grau 4.3 35km SW of Jiquilillo, Nicaragua 2014-04-19 06:27:53 UTC

Grau 4.3 31km S of Petatlan, Mexico 2014-04-19 07:52:14 UTC

Grau 4.7 South of the Fiji Islands 2014-04-19 08:07:49 UTC

Grau 4.5 132km S of Panguna, Papua New Guinea 2014-04-19 08:18:26 UTC

Grau 4.5 72km ESE of Ishinomaki, Japan 2014-04-19 09:09:08 UTC

Grau 4.5 103km S of Panguna, Papua New Guinea 2014-04-19 09:23:16 UTC

Grau 4.1 53km SSE of Kargil, India 2014-04-19 09:29:20 UTC

Grau 4.7 23km ENE of Noatak, Alaska 2014-04-19 09:49:01 UTC

Grau 4.6 95km WNW of Port-Olry, Vanuatu 2014-04-19 11:29:39 UTC

Grau 4.3 56km SSW of Jiquilillo, Nicaragua 2014-04-19 11:31:53 UTC

Grau 4.5 129km W of Banda Aceh, Indonesia 2014-04-19 11:53:14 UTC

Grau 4.2 126km SSW of Panguna, Papua New Guinea 2014-04-19 12:28:19 UTC

Grau 4.6 27km ENE of Noatak, Alaska 2014-04-19 12:31:06 UTC

Grau 4.4 33km NE of Noatak, Alaska 2014-04-19 12:31:40 UTC

Grau 4.1 99km WNW of Iquique, Chile 2014-04-19 12:59:04 UTC

 

Parecer Técnico.

Transcreve-se parte de um parecer técnico que um ilustre e jubilado prof. Universitário enviou a um columbófilo, em resposta a um pedido deste.

 

Ilustre Amigo

 

(…)

 O desmando de orientação dos pombos talvez esteja correlacionado com as tempestades magnéticas  que estão afectando o período 2013-2015. E tais tempestades resultam de manchas solares e respectivas origens. A  NASA  realiza a monitorização  do campo magnético da Terra pois eles controlam diversos tipos de satélites, alguns secretos, como o Senhor sabe.

Assim  inclino-me para as anomalias do campo magnético da rota dos pombos. Essas anomalias sao saltitantes, ou seja, aparecem durante horas e migram ao longo de falhas. E desaparecem subitamente ou regressam ao ponto de arranque das falhas.

 (…)

A microssismicidade espanhola é reunida na web, diariamente. O Prof Don Ricardo Vieira, da Complutense (Universidade de Madrid), enviou-me ontem uma nota sobra a microssismicidade versus rota-de-pombos e também se inclina para esse factor.

  (…)

 

 

Localização de falhas sísmicas na Península Ibérica

 

 

Questões que se colocam sobre este dia:

Os distritos de Aveiro, Coimbra e Viseu tiveram percas extremamente elevadas; Braga e Porto com percas elevadas onde as soltas foram efectuadas com visibilidade moderada e céu muito nublado. Estimou-se que Aveiro teve menos de 30% de pombos no terceiro dia, Coimbra e Viseu, tiveram entre 30% e 32% de pombos no segundo dia e Braga e Porto sensivelmente 45% a 50% de pombos no segundo dia. Nesta situação poder-se-ia entender que o factor meteorológico, na área da solta, tinha sido fundamental no insucesso das provas. No entanto, as seguintes perguntas surgem: porque é que os distritos de Setúbal e Lisboa fizeram cerca de 250 km de início com céu limpo e tiveram menos de 35% dos pombos no primeiro dia e menos de 75% no segundo dia? Porque é que na prova de velocidade de Setúbal, Cáceres, chegaram menos de 45% dos pombos no primeiro dia e menos de 75% no segundo dia? Porque é que o distrito de Faro teve mais de 100 km iniciais com céu limpo e teve menos de 20% de pombos no primeiro dia e menos de 45% no segundo dia? Porque é que Santarém teve 100km iniciais com céu limpo ou pouco nublado por nuvens altas e teve menos de 37% dos pombos no primeiro dia e menos de 65% no segundo? Porque é que Leiria teve 80km iniciais com céu limpo ou pouco nublado por nuvens altas e teve menos de 30% dos pombos no primeiro dia e menos de 60% no segundo dia? Porque é que Portalegre, Évora e Beja, reportaram percas inferiores a 20% no segundo dia? Porque é que a solta de Manzanares para Portalegre foi reportado percas inferiores a 10% no terceiro dia? Porque é que há pombos das soltas efectuadas em Montellano comunicados em Granada? Porque é que Viana do Castelo efectuou uma prova espectacular? Porque é que se perdeu tantos pombos e em quase todas as rotas?

 

Dados constatados versus experiências científicas:

1.    Foi reportado uma situação de silêncio e pombos deitados, no Sul da Península Ibérica, que se enquadra nas experiências efectuadas por Michael Bookman (1977), que dizia que em experiências efectuadas com pombos dentro de caixas, sempre que existe variação do campo magnético, o pombo deitava-se e ficava em silêncio.

2.    Havia pouca luminosidade e o céu apresentava-se “esbranquiçado” perto de um tom “amarelado” em áreas como as da Andaluzia, Extremadura, Oeste de Castilha-La Mancha e Sul de Castilha e Leon, que segundo os estudos de ChristopheArnoult -2006 - a luz amarela ou avermelhada, suprime as capacidades de orientação dos pombos-correio (falta de luminosidade – Cor azul ou branca).

3.    Verificou-se na Andaluzia e Sul de Castilha e Leon nevoeiro orográfico e precipitação do tipo chuvisco em algumas regiões montanhosas.

4.    Existem pombos comunicados de Norte a Sul de Portugal continental, demonstrando, claramente, que se verificou um facto anormal na orientação. Reporte-se que se verificaram pombos reportados em Granada e que foram soltos em Montellano.

 

Conjugação das experiências científicas:

Michael Bookman (1977), Wiltschko (1981), WiltschkoandWiltschko (2001), Wiltschko (2002) e Christophe Arnoult (2006), com hipótese apontadas da variação do campo magnético através da actividade geomagnética nas falhas sísmicas, sua relação numa situação de sismos, com a localização das soltas, percurso dos pombos e situação meteorológica verificada neste dia 19 de Abril de 2014.

1.   A situação meteorológica deste dia não justifica, só por si, as percas elevadas e o desnorte dos pombos no seu regresso a casa. Há pombos comunicados das soltas mais afectadas efectuadas na zona Sul da península Ibérica em todo o país

2.   Os locais de solta da maior quantidade de pombos extraviados enquadram-se nesta hipótese de influência conjunta da “Existência de sismo-Falhas sísmicas-Falta de Luz”. Parece verificar-se, também, uma correlação de percentagem de pombos extraviados com as implicações da “trilogia” anteriormente apresentada.

3.   A única situação que não se enquadra é a solta de Viana do castelo por falta de um dos elementos: o elemento “Falta de Luz” ou cor amarelada do céu, apresentando unicamente “Existência de sismo - Falhas sísmicas” e com a parte positiva da coloração do céu ser, na grande maioria do percurso azul, o que numa breve análise nos leva às experiências efectuadas por Wiltschko em 2002 em que demostraram incontestavelmente que a percepção do campo magnético passa pela visão e que a luminosidade ou a coloração do céu são partes essenciais nesta trilogia.

4.   As soltas efectuadas para Portalegre, Évora e Beja em El Rebollar (perto de Valência) não cruzou nenhuma falha sísmica, (só Portalegre à chegada) tendo sido aquelas que, efectuadas em território espanhol, se podem considerar como tendo sido “normais”. Soltos com céu limpo, só encontraram nebulosidade depois de efectuarem 200 a 225 km. (Constatados mais de 60% de pombos no dia)

5.   As soltas efectuadas por Setúbal em Alcoleya del Pinar e Lisboa em Ariza perfizeram os primeiros 225 a 250 km com céu limpo ou pouco nublado, tendo sido soltos em zona de falha sísmica e que no percurso também passaram pela falha junto a Madrid, falha de Badajoz-Plasencia num período ainda com céu localmente muito nublado e pouca luminosidade. (constatados menos de 35% dos pombos no dia).

6.   Solta de Leon para Faro com 100 a 120km iniciais com céu pouco nublado por nuvens altas e encontrando nevoeiro à direita da sua rota, iniciou o voo nperto de uma pequena falha, voou paralelamente à falha de Portelo e Vilariça, passou a falha de Badajoz-Plasencia e de Castelo Branco, falha de Moura e encontrou na parte final uma vasta área de falhas sísmicas. A área de Plasencia-Caceres-Badajoz tinha localmente céu muito nublado, neblina durante a madrugada e manhã, tendo passado a bruma (partículas sólidas em suspensão na atmosfera), onde foi identificada pouca luminosidade até às 11 horas da manhã, hora a qual o distrito de Setúbal efectuou a sua solta de velocidade. (Constatou-se menos de 20% de pombos no primeiro dia).

7.   Solta de Hellin para o distrito de Santarém, efectuada numa área de falhas sísmicas tiveram os primeiros 100km com céu pouco nublado por nuvens altas, tendo entrado na área de Manzanares-Ciudad Real onde se constatava muita nebulosidade e pouca luminosidade, tendo posteriormente sobrevoado a falha de Badajoz-Plasencia. (foram constatados menos de 37% de pombos no primeiro dia).

8.   La Roda para Leiria tiveram os primeiros 80km com céu pouco nublado por nuvens altas, tendo entrado na área de Manzanares-Ciudad Real onde se constatava muita nebulosidade e pouca luminosidade, tendo posteriormente sobrevoado a falha de Badajoz-Plasência, a falha do tejo e a falha do Oeste. (foram constatados menos de 30% de pombos no primeiro dia).

 

Conclusão.

1.    A situação meteorológica, só por si, não foi identificada como causa dos desastres verificados quando se comparam todas as rotas percorridas e tempo meteorológico encontrado com situações idênticas em anos anteriores e mesmo as verificadas no início da campanha com extensas áreas de nevoeiros e nuvens baixas encontrada no Alentejo, ou mesmo a última prova efectuada de Canha para Viana do Castelo que era previsível uma prova de grau muito elevado (porque foi voada 120 a 150km debaixo de precipitação e visibilidade moderada) de dificuldade e resultou numa prova de dificuldade média;

2.    Em situações como a solta de Aveiro, Coimbra e Viseu em que foi constatado alguma precipitação do tipo chuvisco nas montanhas, imediatamente à frente do local de solta, poder-se-á entender que, apesar de não ser causa principal, influenciou negativamente os resultados;

3.    A grande maioria dos delegados de solta reportou, céu muito nublado e falta de Luz, céu com coloração amarelada em alguns locais do percurso tendo sido este o ponto comum das informações prestadas.

4.    Os incidentes/desastres foram, em certas soltas, muito idênticos em rotas completamente diferentes e com tempo à saída completamente diferente, o que nos indica claramente que a meteorologia não teve peso fundamental na qualidade da solta, mas que podem existir outros factores com maior peso nas percas verificadas;

5.    Todos os delegados de solta reportaram que tinham condições para efectuar a solta. Pela experiência que têm pelas soltas efectuadas ao longo de muitos anos, somos levados a entender que não havia interdições meteorológicas à realização da solta;

6.    Temos distritos, em alguns casos, com provas de meio-fundo 80 a 100km à frente de algumas soltas e efectuaram as suas soltas às 08H00 e 09H00 da manhã, transmitindo uma informação clara e experiente, além das informações dos diversos aeródromos, de que o tempo à frente dos locais de solta de fundo estavam com condições para a prática da columbofilia.

7.    Foram analisadas as falhas sísmicas da Península Ibéria, pedido parecer técnico, e analisados a sismologia, levando a uma compilação de informações, que não sabendo como é que o pombo-correio se orienta, nos poderá levar, em situações análogas, a efectuar comparações para no futuro se poder evitar situações como as verificadas.

 

Recomendações:

1.    Em situações de solta dever-se-á ter sempre em conta a possível variação do campo magnético da Terra em situações de tempestades solares, que tenham acontecido entre as 40 e 56 hora antes, e em situações de solta junto de falhas sísmicas aquando tenham sido detectados sismos na área, mesmo de pequena escala, ou outros em qualquer parte do mundo com intensidade significativa, porque as falhas são sempre locais de interacção entre a terra e a atmosfera;

2.    Em dias de céu muito nublado é imperativo a análise do descrito em 1 por incrementar a impossibilidade de orientação porque, não havendo Sol o pombo busca a bússola magnética.

3.    Especial atenção ao silêncio dos pombos antes da solta, fazendo essa observação sem interagir com eles: andar dentro da galera, bater nas caixas etc.;

4.    Ter em atenção que quanto maior nebulosidade existir e/ou menor for a luminosidade (ausência da “luz azul”) maior será a dificuldade na detecção do campo magnético da Terra, porque faltando o Sol os pombos irão recorrer-se da bússola magnética e como se sabe, pelos dados cientificamente comprovados, ela passa pela visão. Não havendo coloração azulada os pombos não identificarão o campo magnético da Terra;

5.    Ter especial atenção às partículas sólidas em suspensão na atmosfera (Bruma), a que vulgarmente se diz que o “céu está afumegado” porque apresenta uma cor esbranquiçada e/ou amarelada, reduzindo a luminosidade, diminuindo a cor azulada do céu e incrementando exponencialmente os problemas da orientação do Pombo-correio.

 

Estudos científicos da orientação dos Pombos-correio tidos em consideração:

É mundialmente aceite que o pombo-correio utiliza um compasso solar e um compasso magnético, utilizando-os simultaneamente (Wiltschko 1981).

O final do voo (cerca de 50/60 Km) é normalmente efectuado à vista por reconhecimento de pontos previamente memorizados em voos ou treinos anteriores.

O campo magnético da Terra está sujeito a uma declinação, que está permanentemente em alteração (em valores desprezíveis para uma ordem de grandeza da vida útil do pombo 4 a 6 anos em competição). Existem no entanto factores que introduzem alterações no campo magnético por períodos que podem ir de minutos até a um dia ou dois, sensivelmente. Estes factores a que nos referimos são as tempestades electromagnéticas, oriundas de uma actividade solar anormal e aos tremores de terra (sismos).

Experiência efectuadas por (WiltschkoandWiltschko - 2001) demonstraram que as cores da banda do visível (arco Íris) mais próximo do ultravioleta e as do ultravioleta (cor do céu azul) facilitam a orientação das aves e que a luz amarela ou avermelhada, suprime as suas capacidades de orientação (falta de luminosidade) (La navigationdupigeonvoyageur– ChristopheArnoult -2006).

Experiências efectuadas (Wiltschko–2002) demostraram incontestavelmente que a percepção do campo magnético passa pela visão. No  entanto o modo como o pombo-correio “sente” o campo magnético é ainda um mistério.

Michael Bookman (1977), em experiências efectuadas com pombos dentro de caixas, provou que sempre que existe variação do campo magnético, por uma anomalia, o pombo deita-se e fica em silêncio.

Pombos largados, em dias de Sol, numa zona de anomalia magnética, ficam inicialmente desorientados; a confusão tem provavelmente a ver com erros de localização. Uma vez fora da zona de anomalia, a orientação retoma as características habituais. (Fonte: J.L. Gould, American Scientist).

Estudos realizados ao longo dos anos, quer nos Estados Unidos quer em Itália, mostram que os voos de regresso, em períodos de perturbações magnéticas, são mais lentos e menos precisos. O efeito sobre o rumo inicial, após a largada, também é interessante: em dias de Sol ou encobertos a direcção inicial de voo, num local, sofreu desvios até 40º (no sentido dos ponteiros do relógio). Parece, assim, que a variação do campo magnético perturba o sentido de localização das aves. (Fonte: J.L. Gould, American Scientist).

No ano de 2008, um estudo internacional demonstrou a relação entre as aves migratórias e o campo magnético da Terra, relacionando uma molécula existente na retina do olho das aves com o campo magnético da Terra e a luz azul. Uma equipa de investigadores da Universidade Estatal do Arizona e uma equipa da Universidade de Oxford em Inglaterra foram os primeiros a demonstrar um modelo de Bússola fotoquímica. Esta equipa de cientistas reportou que o modelo fotoquímico é sensível quer à magnitude quer à densidade do campo magnético quando exposto à luz. Este fenómeno conhecido, internacionalmente, como magneto-recepção química é exequível e fornece uma percepção da estrutura e dinâmica de uma bússola fotoquímica. A teoria da “foto-recepção” é baseada no facto de ter sido encontrado foto-receptores da luz azul na retina das aves migratórias quando se orientaram pelo campo magnético.

"Estes estudos, constituem uma prova clara do princípio da bússola magnética das aves migratórias e é baseado numa reacção química magneticamente sensível cuja duração depende da orientação das suas moléculas ao campo magnético da Terra", (Peter Hore, professor de química na Universidade de Oxford e chefe da equipa britânica).

 

 Semelhanças anteriores com a solta de 19 de Abril de 2014

(Parte do relatório efectuado sobre a solta efectuada em 17 de Abril de 2004): Na véspera da solta do referido dia é reportado pelo delegado de solta de Lisboa ao seu coordenador que os pombos estavam “murchos” e que não queriam comer. O coordenador de solta de Lisboa no seu contacto habitual da véspera dos concursos com o meteorologista assistente, em termos de desabafo e alguma preocupação, relata o que o seu delegado lhe tinha dito. Como não se previa precipitação para o local e em rota, mas sim céu nublado essencialmente com estratocúmulos e vento de Sudoeste o meteorologista assistente informou-o de modo a que se preparasse para uma solta, meteorologicamente falando, normal, voada a baixa velocidade. No dia da solta e cerca das 04H30 da manhã o coordenador de Setúbal, na conversa sobre o tempo que estava e que iria fazer durante a prova, reporta que o seu delegado de solta lhe tinha confessado que os pombos pareciam “apáticos”. O coordenador de Aveiro fez o contacto habitual e soltou os seus pombos em La gineta. E é aqui que se faz alguma luz e surge mesmo a ideia, que algo de muito grave estava a acontecer, quando o delegado de solta de Aveiro reporta ao seu coordenador teve que forçar a saída de muitos pombos. Estávamos perante um facto, que àquela hora era impossível de impedir, conscientes que não sabíamos o que se estava a passar, mas os pombos tinham detectado algo de anormal. Restava apenas esperar. E o que temíamos aconteceu: incidente para alguns e desastre para outros. Neste mesmo dia, registou-se um desastre na solta de Saragoça para o distrito do Porto. Saliente-se que, no regresso, nenhuma das galeras encontrou precipitação ou ventos fortes de bico. Só vento de Sudoeste 15 a 25 Km/H.

 

  

Fernando Garrido