Henrique Manuel Costa Dias

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POMBAIS TRADICIONAIS - UMA SOLUÇÃO? 19-12-2012

 

Como defensor do pombo-correio mas também do património natural e construído, achei interessante um artigo que li, não há muito tempo, da autoria de Aida Sofia Lima, no semanário “Mensageiro de Bragança”, com titulo "Promover e divulgar os pombais tradicionais”.

Partilho com todos os columbófilos esta noticia pois como é óbvio, ao lê-la lembrei-me imediatamente dos meus bons amigos que todos os anos, principalmente nos 4 últimos meses do ano, se lamentam da grande perda de pombos devido, em grande parte, a aves de rapina. Eu próprio, em tempos, também o lamentava.

A iniciativa parece-me interessante, também para os columbófilos! Para além de ter uma vertente cultural e económica, a reabilitação desses pombais noutros locais, poderá ser uma alternativa para minorar os "prejuízos" causados aos columbófilos, pelas aves de rapina.

No meu entender, os representantes dos columbófilos têm de dar resposta aquilo que é hoje um dos problemas sérios da columbofilia portuguesa. Lamentar não chega, por isso, competiria há Federação, Associações e Colectividades procurar soluções para minorar este problema.

A solução aqui preconizada não resolverá completamente o problema, mas pelo menos ajudará a equilibrar o ecossistema...

Como é evidente existem localidades onde este tipo de construções, os referidos pombais tradicionais, existem e aí seria apenas uma questão de promover o seu restauro.

Nas localidades onde não existam podem sempre ser construídos de raiz, seguindo o mesmo conceito tradicional. Quer numa situação quer noutra os columbófilos poderiam e deveriam estar envolvidos,...

 

Público de seguida a noticia na integra. 

 

Henrique Dias

 

Uva — Vimioso // Promover e divulgar os pombais tradicionais Por: Aida Sofia Lima /

 

Foto: Aida Sofia Lima

Para travar o abandono e apostar na revitalização de pombais foi criada a Palombar, Associação de Proprietários de Pombais Tradicionais do Nordeste, que tem agora um novo projecto, a criação de um Centro de Promoção e Interpretação dos Pombais

Reconstruir, recuperar, repovoar pombais e elaborar novas estratégias, criativas e orientadas para a realidade rural contemporânea, é o objectivo da associação Palombar, criada em 2000, e que conta com 250 sócios. Com diversos projectos desenvolvidos e a desenvolver, a prioridade actualmente é a criação do Centro de Promoção e Interpretação dos Pombais Tradicionais do Nordeste, que terá morada na aldeia de Uva, concelho de Vimioso, uma das aldeias do Nordeste com maior número de pombais. No centro, que ficará instalado numa primeira fase no edifício da escola primária, cedido pela junta de freguesia, realizar-se-ão “acções de investigação e de formação que contribuirão para a revitalização dos pombais tradicionais e para a elaboração e desenvolvimento de soluções inovadoras e sustentáveis”, explicou Nuno Martins, presidente da Palombar. “Para que o centro cumpra a sua função informativa, consideramos essencial a existência de painéis informativos sobre os pombais, a riqueza natural e cultural da região, bem como a exposição de um herbário da flora regional”, acrescentou. A Junta de Freguesia de Uva mostra-se solidária com o projecto, considerando que é um importante meio de divulgação da região. “Penso que será positivo e que poderá atrair mais pessoas à aldeia”, referiu o presidente, Emídio Domingues. Na aldeia existe um elevado número de pombais, cerca de 40, muitos desactivados, e, com o trabalho da associação, “pensamos voltar a activá-los, existindo também muitos proprietários interessados em mantê-los activos”, sublinhou. O projecto piloto de criação de um centro, que mais tarde poderá constituir um novo espaço com novas valências, contempla diversas estratégias aliadas à requalificação e divulgação de pombais. Assim, para dar a conhecer a região onde os pombais se inserem, a associação pretende definir percursos, sinalizados com painéis explicativos sobre a fauna, flora e arquitectura, bem como criar um sistema de informação geográfica que permita a localização digital desses marcos. A criação de percursos de grande e pequena rota, que permitam conhecer Uva e que liguem as aldeias e núcleos de pombais, é outro dos objectivos. No que diz respeito ao centro, este poderá vir a ser desenvolvido em três espaços de trabalho. Um destinado à educação ambiental e formação do público escolar, preparado para acolher exposições temáticas, ateliers, jogos e outras actividades, um outro para a investigação e desenvolvimento de projectos futuros e um terceiro dedicado à formação de proprietários e outros profissionais. Apostar nas novas tecnologias de informação como forma de cativar visitantes é outra das propostas da associação. Actualmente a Palombar tem a seu cargo 27 pombais situados no Parque Natural do Douro Internacional (PNDI) e, com o objectivo de aumentar este número, tem vindo a recuperar e revitalizar pombais ao longo do Rio Sabor e no Parque Natural de Montesinho, aproveitando, também, alguns já recuperados pela Corane, Associação dos Concelhos Raia Nordestina, nomeadamente dez em Uva. Para que este trabalho possa ser adequadamente desenvolvido, como adiantou Nuno Martins, “é necessária a criação de uma teia de parcerias entre a associação, proprietários, autarquias, parques naturais e outras entidades públicas e privadas”. Segundo o responsável, a importância de revitalização dos pombais justifica-se pela relevância que estes têm na paisagem, cultura e vivências das pessoas. “A reconstrução dos pombais permite recuperar e revitalizar um património arquitectónico, paisagístico e cultural e ainda contribui para a conservação da biodiversidade”. Exemplificando, lembrou que desde 2000 a associação tem trabalhado em parceria com o PNDI em prol da conservação de uma espécie de ave rupícola, a águia de Bonelli, uma das mais ameaçadas da Península Ibérica, cuja base alimentar é essencialmente o pombo, existindo, assim, a união de esforços para identificar e revitalizar pombais nos territórios onde esta espécie nidifica. Também associada à recuperação dos pombais, a Palombar pretende fomentar o turismo ornitológico, que consiste na observação de aves. “A Península Ibérica é um destino por excelência para a prática do birdwaching, o que nos levou a criar já contactos e parcerias para desenvolver este tipo de turismo”, adiantou Nuno Martins. No que diz respeito aos proprietários dos pombais tradicionais e ao seu interesse em recuperá-los, o presidente explicou que “a tarefa não tem sido fácil, pois a sua idade é cada vez mais elevada. No entanto, a associação tem trabalhado em conjunto com os proprietários, mas está nas mãos dos mais novos, filhos ou herdeiros, acreditarem neste projecto e em outros que surjam na região”. Contudo, como acrescentou, “de uma forma geral há mais interessados, e podemos ver alguns pombais a serem recuperados por iniciativa própria, nem que seja só por recuperar um património proveniente da família”. O trabalho desenvolvido com os proprietários passa pelas visitas semanais, quinzenais ou mensais que os técnicos da Palombar realizam aos pombais. Na época da ceifa, a associação compra uma boa quantidade de trigo para permitir a manutenção dos pombais ao longo do ano, cereal que é adquirido directamente aos agricultores da região. A Palombar pretende ainda aumentar a criação de pombos, trazendo animais. “Desde que se recuperaram os pombais, tratamo-los melhor e começa a haver mais criação. A associação tem a intenção de trazer ainda mais pombos de outro lado para que se faça mais criação. Apesar de haver um aumento, ainda há poucos pombos”, referiu Emídio Domingues. No distrito de Bragança existem cerca de 1500 pombais, nomeadamente 144 no concelho de Vinhais, 617 em Bragança, 237 em Vimioso e 366 em Miranda do Douro, um património relevante que a Palombar não quer deixar esquecido no tempo, lutando pela sua conservação arquitectónica, cultural e da biodiversidade.