HistóriaVisitas: Contador de Visitas 

     Qualquer análise histórica , tem sempre um conjunto de vicissitudes que passam pelos pressupostos de quem a realiza , pelo contexto em que essa pessoa se encontra e vive  e, acima de tudo pela sensibilidade que a mesma tem pelos assuntos em questão.

     A História por mais que se queira nunca se repete !

     A História nunca será um regresso ao passado !

     É apenas o constatar de algumas ocorrências e acima de tudo a determinação de algumas " balizas" que nos marcaram e acompanharam nas nossas vivências.

 

    O início em 1968 ...

    José F. Coxo era na época, um jovem com treze anos de idade. Viviamos numa sociedade onde imperava a pobreza, onde tudo era diminuto e reduzido. A Columbofilia surgia num grupo de jovens arraiolenses pelos finais de sessenta e tinha como base o correr a levar as anilhas aos relógios constatadores e , era acima de tudo o gostar deste desporto de uma forma desportiva, vivida , mas sempre com principios como honestidade, e o  praticar o desporto pelo desporto, nunca querendo ultrapassar outros, por métodos menos legais e sempre com uma postura de maxima correcção para com Todos.

   A partir deste início foi o estabelecer de alguns ciclos para melhor se perceber o porquê destas vivências e acima de tudo o continuar a gostar e a praticar este desporto com a mesma força de vontade que esteve na sua origem há quase 50 anos.

    Nos finais de sessenta e década de setenta sou um praticante de columbofilia (desejoso de aprender), estudante em Évora e ainda com o gosto pelo futebol de âmbito local/ regional porque a habilidade não dava para mais. Era em suma o realçar de vivências de um meio rural e pobre, e onde o praticar deste desporto me deu , no contacto, com os mais mais velhos, noções de respeito, saber ouvir, companheirismo e amizade pelas pessoas e pelas instituições.

    Os anos oitenta aparecem e no meu caso é o continuar da vida estudantil mas agora em Lisboa. Entendia que tinha mesmo de estudar mais, tirar a minha Licenciatura ( numa época em que tudo eram dificuldades)  . Foi uma aposta vencida. Neste percurso em Lisboa ( os pombos estavam sempre presentes), contactei com dois nomes que me marcaram para o resto da vida. Foram eles Valentim Moutinho ( Estrela) e Manuel Saraiva da Costa ( Ajuda ).

    Foram duas pessoas fantásticas e acima de tudo com um perfil humano e de uma enorme dignidade . Fiz com eles, todas ( pela vida fora aprendemos sempre) as minhas aprendizagens, e recordo-os como pessoas de "H" grande.

   De Manuel Saraiva trouxe alguns pombos que se revelaram muito bons e me permitiam estar em Lisboa durante a semana e mandar pombos ao sábado em Arraiolos marcando muito bem no dia das provas. A minha mãe era a columbófila a tempo inteiro e com enorme dedicação. Soltava-os ás horas indicadas, dava a comida que eu lhe indicava, obrigava-os a voar  duas vezes por dia e no fim de semana lá estava no quintal para os ver chegar . ( isto do ver chegar, foi até quase há hora de falecer).

    Neste período e com estas dificuldades ganhei varias vezes o regularidade, o velocidade e o meio fundo em Arraiolos. O campeonato de fundo não contava na época para o campeão de regularidade. Eu gostava pouco do fundo porque ,se perdiam facilmente pombos bons e eu gostava de os ter a voar durante 5/6 anos mas, nas regras da sociedade não intervinha.

    Tenho vários pombos "míticos" desta época que vão aparecer na rubrica noticias e os anos de 1987 e 1988 são anos excelentes em que consegui vencer o campeonato geral ( já com o fundo englobado )    

 Nos  anos 90 foi o dedicar-me a outra componente dos pombos - As Exposições. 

   A prática destes certames já vinha da Arraiolense onde sempre se realizaram e nas quais  tive sempre boas prestações. ( mesmo com pombos que não eram de standard ). A aposta na classe de borrachos surgiu porque era na minha óptica a única das exposições onde imperava a verdade...

 Fazendo hoje uma análise fria dos acontecimentos, dominei as exposições de borrachos a nivel Nacional desde os anos de 1992/93 até 2008 na exposição Nacional em Elvas que foi onde obtive as últimas vitórias com estes pombos. Foram portanto 15/16 anos no topo desta classe. Nalguns certames vencendo apenas uma categoria mas houve exposições onde várias vezes venci em machos e femeas e nalguns casos fazendo os primeiros lugares, lembro a Nacional em évora onde em machos fiz do primeiro ao quarto lugar.   Eram pombos de standard extraordinários !

     Pelos anos de 1996/97 volto a competir na Arraiolense e já com a ajuda do Rui Antas,( este jovem tinha na altura 12/13 anos), e  manteve-se até hoje com enorme dedicação e espirito de sacrificio além da amizade e de uma entrega que me fez continuar nos pombos até aos dias de hoje.

  Neste período de final dos anos  90 e o inicio da primeira década do século XXI tivemos várias prestações desportivas muito boas e alguns pombos que se enquadram nos tais " miticos " que já referi anteriormente, por isso são abordados nas noticias. Em 1992 o saudoso Alexandre M .Gordo fez-me a oferta de uma femea vermelha da linha da Diva que deu vários pombos de topo. O amigo Manuel Ferreira traz-me da Bélgica um casal ( macho pedrado escuro e uma femea azul guias brancas)  a que chamo de Alemães e que dão tambem 6/7 filhos  muito bons, e por consequência netos tambem bons.

     Vencemos diversas vezes os campeonatos de Velocidade e Meio Fundo e penso que tivemos no ano de 2004 uma brilhante prestação a nível distrital ficando em 12º no Velocidade e 4º no M. fundo na denominada Zona Norte. Esta é a época em que na Arraiolense se atingem as melhores prestações porque recebemos um columbófilo de alto gabarito ( Paulo Franco ) que além de vencer tudo a nível da Arraiolense foi nesse período de tempo ,de longe, o melhor columbófilo de todos os tempos a nivel distrital.Obrigava-nos a trabalhar e a dedicarmo-nos aos pombos muito mais.

   Voltamos a vencer a geral penso que em 2010 ( no ano em que se podia vencer sem mandar a uma prova). Os anos de 2005, 2011, 2012 e 2013 são para esquecer e criam em mim enorme desmoralização. Em 2005 um surto de Newcastle ( mesmo tendo vacinado duas vezes ) não nos permitiu começar. Em 2011 foi o início de algo que nunca tinha presenciado nos pombos .

Alterámos os pombais para os tornar mais funcionais e , coincidência ou não, instalou-se algo nos pombos que os afectou em termos de doença e durante 2/3 anos não nos deixou competir.

Apareceu primeiro numa femea ,muito boa, uma carúncula com uma pinta mais escura. Passados uns dias desapareceu mas já estavam outros com o mesmo sintoma ou com manchas numa caruncula e a espirrarem constantemente. Foi o recurso a diversos entendidos nos pombos e a três veterinários mas todos os produtos e todos os tratamentos davam o mesmo resultado. Pombos sempre constipados ( durante quase 3 anos ), e sem condições para voarem e quando a temperatura aumentava nem á volta do pombal conseguiam voar. A doença instalou-se, passou aos reprodutores, aos borrachos em suma foi um autêntico desastre e ainda hoje nunca soube o que foi. A solução foi eliminar todos os reprodutores no verão de 2012 e todos os voadores em Abril/ Maio de 2013.

    Foi um enorme desafio. Começar do zero e arranjar alguns reprodutores e alguns borrachos para enviarmos em 2014. Já a enfrentar esta que, para mim foi a maior dificuldade, tive a ajuda preciosa do amigo José Luis Pimpão ( nascido nos pombos com os irmãos e meus vizinhos de uma vida). É além de um columbófilo a tempo inteiro um trabalhador incansável, de uma dedicação a toda a prova , com enorme capacidade de memorização ( sabe em duzentos pombos o número deles quase todos), e graças a ele tudo temos feito para corrigir e adaptar os pombais de modo a torná-los mais rentáveis e mais práticos. Vamos ver se os pombos nos ajudam.

  Já experimentámos em 2014 mas, como  em tudo, temos de dar tempo aos pombos, aos reprodutores e acima de tudo a nós mesmo.

    É em suma uma história em que já passaram quase cinquenta anos...

  - um desafio constante e contínuo tal como a força de vontade !

  - durante todo este tempo, em termos desportivos, perdi muito mais vezes do que ganhei !

  - tive pombos bons e muito bons mas tive muitos mais de má qualidade !

  -nunca fui capaz de olhar ( ou mexer) num pombo e dizer se será bom voador ou bom reprodutor !

  - nunca reconheci se um pombo vai marcar de velocidade, meio fundo ou fundo !

  - só sei se um pombo é bom depois das provas feitas e das campanhas terminadas.É o cesto ou as caixas que nos definem o próprio pombo ! 

 

   " A columbofilia é sempre incerteza mesmo quando já pensamos que é certeza "       

                                                                                                J. F. Coxo/ R. Antas/ J. Luis