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Reflexões . . . 24/11/2016

Reflexões . . .

 

 

José F. Coxo - Évora

 

 

Qualquer vencedor seja em que modalidade  for e em variados contextos terá sempre o mérito de ter sido o melhor e, o mais capaz. Se esse domínio for repercutido no espaço temporal ainda lhe teremos mais de reconhecer as suas capacidades dominadoras.  Nunca os vencedores  devem  ser  questionados , devem sim ser reconhecidos.

Hoje e neste “ jogo de palavras “ tentarei  abordar , reflectindo , aspectos marcantes no meu distrito com vencedores de mérito elevadíssimo , em épocas completamente diferentes.

Nesta reflexão colocarei sempre interrogações . Não tenho por finalidade dar respostas , tentarei é certo num caso ou outro justificar os tempos e os modos como era a realidade columbófila distrital . O objectivo supremo é o de colocar os leitores a repensar e até a extrapolar casos  semelhantes , ou não, noutros distritos .

 

                - Que características têm que ter os vencedores para se afirmarem ?

-Que factores estão ou estarão inerentes ás performances dos mesmos que os faz repercutir nos tempos  ?

                - Que factores directos e indirectos contribuem para que os mesmos ao vencerem seja de um modo completamente diferente dos outros columbófilos ?

 

Sou columbófilo desde 1968. Alguns anos  ( penso, hoje, que até foram demais) desempenhei diversos cargos directivos de âmbito variado e como tal tenho um conhecimento “ memorial”e factual  de quase tudo o que se passou neste distrito nos últimos 50 anos ( é certo que há  muitas vezes  factos que a nossa memória vai perdendo ).

Em termos classificativos distritais sei perfeitamente que durante muitos anos não havia qualquer tipo de prancheta do distrito o que torna impossível a indicação onde estariam os melhores columbófilos deste distrito. Ouvíamos ( neste  caso era, nos anos em que eu estudava em Évora) alguns columbófilos marcantes em diversas colectividades . Cito Dr. Xitas  Martins e Dr. José Lopes Faustino em Cabeção , o António G. Pedro em Mora, o Arnaut, o António Leonardo Mexia de Almeida e o Xico Ameixeira em Pavia ( este último já praticante da viuvez , estamos nos finais de sessenta principo de setenta o que era indicativo da sua sabedoria). Em Évora o Carreiras  e a sociedade  Daniel e Talambas. Em Reguengos o Vitor Martelo, o Julio  Jarego da Fonseca, o Murteira. Em Estremoz o Januário Gonçalves e o mano mais velho do Fortio ( que pena ter deixado os pombos) . Em Vila Viçosa  o meu amigo Joaquim Cravo. Eram , torno a dizer, nomes sonantes.

Há ainda nos anos de setenta as primeiras tentativas de chegar a um campeão  distrital . Penso que numa primeira fase contando apenas três provas e lembro com saudade o amigo “ Ti Manolo “ da Arraiolense,( era uma personalidade que deixou saudades pela sua simplicidade e amizade que tinha para comigo e pela causa columbófila),  que se sagrou vencedor distrital graças a um pombo chamado Napoleão .

Neste período de tempo ainda temos numa primeira fase as soltas pelo comboio e depois mais tarde já no princípio de setenta a Associação tem o primeiro camion. O calendário era todo da linha de Noroeste ( S. João da Madeira, V. Castelo, Monção e Valença), isto nas soltas de velocidade e meio fundo. O fundo já é feito de Espanha com soltas na linha de Alcoleia, Saragoça, Lérida .

Nesta época eu era menino e moço e ouvia as perfomances ,  que alguns columbófilos de Cabeção realizavam ,Dr. Chitas Martins e Dr. José Lopes Faustino ,  nomeadamente a nível do fundo e nalguns casos com brilhantes prestações a nível nacional ( não me recordo como eram feitas essas realizações). Qualquer destes columbófilos enviava facilmente 50 pombos a fundo. O Dr. Xitas conseguia aliar o brilhantismo do voo com a apresentação de pombos de standard que voavam e de alta categoria em mãos .

As primeiras classificações distritais a  sério , são lançadas quando o amigo Antonino Beja de S. Pedro do Corval está á frente dos destinos da Associação ( penso que isto já se situa na época do início  de oitenta). O calendário continua a ser da linha de Noroeste . Nestes primeiros campeonatos os nomes sonantes que referi em Cabeção vencem aqui de um modo inquestionável. Lembro-me perfeitamente de ver classificações distritais onde os primeiros 200/ 300 pombos eram todos da Cabeçanense  e Morense ( mais  relevante as prestações da primeira colectividade que referi).

 

                -Será que a entrada dos pombos tinha aqui algum efeito ?

                - Não seriam esses columbófilos os melhores e mais bem apetrechados a nível de pombos?

                - Não haveria também já outros e bons columbófilos noutras colectividades?

Era e não tenhamos dúvidas, um domínio absoluto do Dr. Chitas e do Dr . José Lopes . Lembro-me perfeitamente do Antonino( que na época tinha pombos muito bons tal  como o amigo Marcelino) lançar o desafio ao Dr. Chitas para ir voar no Corval.  Parece-me que o mesmo aceitou e, ganhou apenas e só todas as provas ( se estou a errar peço já desculpas ) . No final o Dr, Chitas ofereceu todos os prémios à Corvalense.

Ainda nos anos oitenta o calendário vira-se para Nordeste com soltas de V. Formoso, Duas Igrejas , Sendim  etc. Mas os vencedores distritais são os mesmos da Cabeçanense. Esta viragem acontece numa Assembleia,  na sala pequena do Corval e graças ao delegados da Arraiolense e do Clube.  

Esta quebra dos columbófilos de Cabeção começa a ser posta em causa pelo meu amigo Luis Pepe em Évora( que já em anos anteriores se metia na luta dos primeiros ) mas o coroar da vitória distrital  dá-se  em 87 e 1988. Era na época um columbófilo extraordinário e de enorme simplicidade, um conhecedor profundo e um jogador nato dos seus pombos.

Já nos anos noventa ( período em que estou na Associação) e graças a um conjunto de pessoas,  bastante capazes, que estiveram comigo incentivamos e levamos a efeito as primeiras classificações distritais informáticas ( somos o primeiro distrito a faze-lo). Sublinho que o meu amigo  Helder  Pequito teve aqui um papel decisivo na dinamização, na entrega e no arrastamento de todos os membros directivos,  para esta brilhante iniciativa.

No inicio dos anos noventa os vencedores distritais ainda são dominados pela Cabeçanense. Lembro-me perfeitamente da entrega dos prémios distritais ser sempre feita no domingo da realização da exposição distrital e durante alguns anos é realizada na escola André de Gouveia.  Começam a soprar novas aragens e Évora aparece a querer dominar .  Numa primeira fase ainda com o Pepe  , vencedor em 91/94/ 95. Nesta época na cidade de Évora existiam 60 columbófilos no Clube e cerca de 30 na Eborense, isto gera uma força de pombos muito grande com arrastamento para esta cidade .  ( Há aqui um período de tempo, que eu entendo esquecer porque o vencedor distrital, e foi talvez das pessoas que mais venceu, não o fez por métodos correctos mas como é um facto triste e negativo deixemo-lo no esquecimento).

Em 1997 com o Acordo de Schengem e livre circulação de pessoas e mercadorias aproveitamos a embalagem e os calendários passam a ser todos realizados em território espanhol. Duas linhas de voo, uma de Ciudad Real/ Valencia e a outra na linha de Retamar/ Alcoleia/ Saragoça.  Estamos nos anos do século XXI. É o domínio formal e marcante de Évora,  Baltazar e Balicha, Rui Vilalva e Duarte , José Claudino ( vencedor pela Eborense em 2008) fazem sentir as suas brilhantes prestações e até 2010 é esta cidade que domina distritalmente ( dados já da própria Associação)

Este domínio de Évora é quebrado num interregno de três anos quando passa pela Arraiolense aquele que eu denomino, de melhor columbófilo distrital de sempre , o Paulo Franco. Vence em 2002/ 2003/2004 e são vitórias inquestionáveis e ainda mais marcante porque, logo em 2002 ele voa fundamentalmente com borrachos. Ainda me lembro de concursos de fundo, mais pequenos, em que ele faz ao cinco primeiros pombos do distrito.  A coroação deste columbófilo aparece em 2005 nas olimpíadas em que o Paulo apresenta dois ou três pombos fora de série.

A partir de 2011 o domínio de Évora desaparece e surge como vencedor incontestável a sociedade columbófila Rainha Santa Isabel e o Fernando Fernandes . Não quer dizer que este columbófilo não tivesse já em anos anteriores aparecido nos lugares cimeiros mas agora domina. É certo com uma ou outra interrupção também com outro columbófilo de Estremoz o Miguens ( 2013) e em 2014 o Monte da Coelha no Redondo. A partir deste último ano que referi há um desaparecimento  quase  completo dos dez primeiros de columbófilos da cidade de Évora.

De todas as conversas que ouvi de pessoas que considero fidedignas , todos me dizem que o Fernando Fernandes é além de um óptimo columbófilo, uma pessoa com enorme jeito para os pombos , de grande dedicação e lucidez , conhecedor profundo dos seus pombos e do que eles podem conseguir ( e é mesmo muito , basta ver algumas pranchetas que o mesmo faz domingo a domingo).

 

Em termos mais resumidos vejo nesta disputa distrital três grandes domínios:

 

                 - Um primeiro de columbófilos da área a norte e principalmente da Cabeçanense

                - um segundo já nos de noventa e primeira década de 2000 de columbófilos da cidade de Évora . Área central a que o Paulo Franco na Arraiolense também se inclui.

                - um terceiro período de há cinco anos a esta parte com o domínio da Rainha Santa Isabel e nomeadamente , Fernando Fernandes ( é certo que há outros columbófilos desta colectividade nos dez primeiros) . O Monte da Coelha foi aqui uma excepção com brilhantismo mas, só durou um ano .( esteve também sempre bem classificado nos últimos anos neste distrito)

Tentarei terminar este jogo de interrogações :

                - Será que o calendário condiciona/contribui  ou ajuda os vencedores?

                - Serão os vencedores que com o seu valor se sobrepõem aos calendários?

                - Não serão os vencedores que por qualquer razão abrandam ou perdem as linhas de pombos vencedores?

                - Será o aparecimento de outras gerações e noutros locais do distrito ?

 

Deixo aos leitores as respostas….

 

(Nota : Os dados verídicos só estão na pagina da Associação a partir de 2008. Quando falo em dominar refiro-me ao espaço de tempo temporal . É natural que a minha capacidade de memorização tenha “perdido “ algum nome marcante , que tenha dominado o distrito. Se o fiz, foi sem qualquer intenção mas, peço já desculpas se isso tiver acontecido. Rectificarei  o mais rápido possível se me fizerem chegar via mail ,ou telefone, algum erro cometido)

 

Publicado no jornal Mundo Columbófilo de 23 Novembro 2016