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" Para memória futura . . . " 30/07/2018

Normalmente a Columbofilia é um desporto que faz poucos ou nenhuns registos das suas práticas, das suas posturas, dos seus intérpretes que em determinado momento estiveram ligados a certos acontecimentos . Há  e , todos o sabemos,  livros de actas mas, normalmente, os mesmos pecam por falta de promenores e de referências que anos depois se vêm a verificar serem sinteses que de "sintese" até têm muito pouco.

Resta-nos portanto a memória de algumas pessoas. Este facto é geral de norte a sul do país e, até mesmo a nível federativo . Estamos sempre no âmbito das escritas " a nadar"  em facilidades o que em termos de legado histórico é de um inconveniente enorme.

Por outro lado se dependemos da memorização de certas e determinadas pessoas caímos num erro crasso que tem duas vertentes . Uma é que o contexto de quem memorizou é sempre diferente de uns para outros . A outra vertente é que para os praticantes mais novos até parece que tudo que existe em termos columbófilos já estava feito. Para termos ideia pouco, ou nada, estava feito, tudo foi obra de alguns em prol de todos e com a colaboração da grande maioria dos columbófilos distritais que nunca regatearam qualquer esforço ( e foram muitos ).

Hoje e aqui na minha página tentarei recordar um passado Associativo  que já parece muito distante mas, que foi o caminho para chegarmos onde estamos .

Pelos anos oitenta dá-se na cidade de Évora uma crise a nível do dirigismo Eborense/ Clube/ Comissão. Depois de várias assembleias Gerais da Comissão distrital o amigo Antonino Beja com enorme clarividência de espirito e defesa dos interesses distritais consegue com a ajuda do Marcelino, do João Ventaneira, do Victor Martelo e de outros columbófilos do Corval e de Reguengos elaborar uma lista para os corpos directivos e levar a Comissão para o Corval.

A comissão fica a funcionar numa casa do Antonino . Eram tempos dificeis . O dinheiro era sempre pouco, a quantidade de pombos a voar era também diminuta mas este grupo de pessoas conseguiu estabilizar a própria comissão, acalmar os ânimos e acima de tudo mesmo com enormes dificuldades efectuar diversas campanhas de um  modo positivo.

Era o tempo em que tinhamos uma Mitsubishi com capacidade para 126 caixas . Já estamos a ver que voando este número de caixas não tinhamos qualquer hipotese de dar algum salto tanto no número de pombos a voar ,como em termos financeiros. As dificuldades eram de toda a ordem , o carro recolhia os pombos durante todo o dia de sábado e depois saía por Mora umas vezes para o Noroeste ( S. João da Madeira, Viana do Castelo, Monção ) outras vezes para o nordeste transmontano ( V. formoso, D. Igrejas, Bragança).

A nível do fundo tinhamos uma autorização especial para soltarmos nalgumas localidades do país vizinho mas, como não existia o acordo Schengen estávamos condicionados.

No início dos anos noventa e em colaboração estreita com os dirigentes que referi anteriormente chegámos á conclusão que seria benéfico que, a agora, denominada Associação viesse para a cidade de Évora. Tive na época diversas conversas com o Antonino para me inteirar de tudo o que dizia respeito á logistica dos pombos e acertei com ele que na formação da futura lista ele e o Marcelino ficariam como vogais para nos enquadrarem quando necessitassemos de algo.

A vinda para Évora não era fácil . A situação financeira ( depois de perdermos uma acção pendente em tribunal ) era de um saldo de 300 contos.

Havia é certo disponibilidade de um grupo de pessoas bastante capazes e começámos logo a tentar planificar, programar , pensar no que poderíamos fazer para dar o salto a nível deste distrito e, enquadrá-lo na considerada mediania nacional.

Manuel Branco assume a Assembleia geral durante alguns anos . Considero-o a ele e ao António Pessoa os melhores presidentes de Assembleia Gerais que este distrito teve . Conhecedores da legislação, interligados á realidade distrital , e acima de tudo com posturas de elevada democraticidade , além de que sempre estiveram nos pombos para servir o distrito .

A nível da direcção entenderam os menbros que me acompanharam que devia ser eu o presidente, acompanhado pelo Helder Pequito , pelo amigo José Rato e o Joaquim Ricardo Cravo de Vila Viçosa. No Conselho Técnico o Luis Pepe , o José B. Faustino e o Paulo ( ex futebolista e sócio da Eborense) . No Conselho Fiscal tinha outro conhecedor da columbofilia Distrital o Cravo de Estremoz. Penso que o Antonino e o Marcelino desempenharam cargos de vogais. ( é natural que eu tenha pela voragem dos anos perdido algum nome a quem peço já desculpa ).

É este grupo de pessoas que eu considero, com uma visão do que era o distrito e daquilo que poderia vir a ser,e os mais capazes a nível de corpos directivos  em toda a história da Associação . Quase todas da mesma geração e sempre com o principio de dotar o distrito num curto espaço de tempo de uma maior capacidade de oferta para se poder mandar pombos e conseguir dar o salto em termos económicos. Comungávamos dos mesmos principios e era na época fácil o entendimento porque todos os dias nos encontrávamos para falar um pouco ( ao serão) no Clube de Évora . Mesmo nos anos em que alguns descansámos das lides directivas ,o  Helder Pequito e os que o acompanharam seguirem sempre a mesma politica desportiva e financeira. Tudo isto foi conseguido e ,sempre como digo, graças aos columbófilos distrtais .

Tinhamos por principio servir os pombos e os columbófilos e nunca servirmos da Associação.

Foi arregaçar as mangas e, começar por comprar os dois espaços que a Associação tem da Picada. Eram espaços do IGAPHE e, este tinha como gestor o Dr. Lasalete que tinha dado aulas comigo em Arraiolos nos finais dos anos setenta. Antes desta compra o amigo José Claudino enprestou-nos uma casa junto á sua oficina para guardarmos todo o acervo assiciativo.

Havia necessidade urgente de vender o carro Mitsubishi e  aproveitámos o desejo de Portalegre. Nós comprámos um carro velho para aproveitamento da estutura tendo comprado na  época o camion Renault que ficou com uma capacidade de 196 caixas. É já um salto de setenta caixas em comparação com o anterior.

Talvez tenhamos mudado de corpos directivos uma ou duas vezes mas, como a politica era a mesma avançámos para a compra de uma galera com capacidade de 260 caixas e um tractor. Passados uns tempos nova aquisição de outra galera  que levava 240 caixas.

De um distrito que voava 126 caixas temos agora um distrito com capacidade para voar 696 caixas o que significava nos treinos cerca de 27.800 pombos .

As três galeras eram utilizadas e cheias nos treinos e sempre que necessitavamos de mais alguma verba conseguiamos em Assembleia geral fazer 4 treinos em vez dos 3 que eram normal.

Foi na minha óptica o grande " boom " distrital tanto em quantidade de pombos como em qualidade e como tal ,tendo tudo isto reflexos financeiros. É bom lembrar que chegámos a distribuir 12.000 euros de prémios distritais. É também de lembrar que pela primeira e única vez houve soltas em separado e nível do velocidade e meio fundo porque conseguiamos enviar a estas provas dois camions. ( as zonas foram e serão sempre motivo de discórdia e como tal tentávamos atenuar).

Há outro aspecto de vanguarda na época que foi " o inicio da informatização das classificações distritais". É o Helder Pequito que nos encaminha para esta solução que seria o futuro, primeiro com a colaboração do Fernando Teixeira de Cabeção com um programa de cópia de disketes. Somos na época o primeiro distrito a avançar e só mais tarde Santarém se seguiu e hoje temos todos este progresso que nos ajuda a todos.

Foi em suma um recordar. Pode ter ficado um nome ou outro no esquecimento.

Penso que vencemos todos ! Os corpos directivos que conduziram o processo , conseguiram prever os anos que se avizinhavam e acima de tudo fizeram uma boa gestão económica e desportiva  mas, a grande vitória foi do distrito que nesse período de tempo era de Top. Tudo só foi possivel porque os columbófilos deram sempre e, em todo o momento respostas significativas e preciosa colaboração com todas as iniciativas.