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Uma " não noticía " - algo a que nunca tinha assistido nos pombos 11/03/2015

Já referi que sou columbófilo desde 1968. Perdi muitas e muitas vezes , ganhei poucas, assisti e tive todo ( todas e parei várias campanhas para não transmitir nada a outros ) o tipo de doenças nos pombos ( das mais banais até ás newcastle, salmonelas, adenovirose etc.... mas, em 2011 e 2012 assisti e sofri na pele algo que nunca tinha presenciado e com contornos muitas vezes ainda difíceis de acreditar que tenham acontecido.

Hoje e pela primeira vez vou tentar escrever ao pormenor como tudo se passou, sintomas, tratamentos, tempo de duração, erros da minha parte na condução do processo ( penso que este teve o maior peso ) , consequências, o desgaste, a desmotivação em suma o ter chegado á confirmação da inutilidade de dois  anos a gastar dinheiro sem qualquer resultado positivo. Faço -o hoje porque o tempo já passou, nunca revelarei qualquer nome de columbófilo ou veterinário, e acima de tudo porque posso por esta via encontrar alguém que tenha tido algo semelhante e me faça chegar a sua opinião . Não acredito que tenham sido só os meus pombos a encontrar se encontraram essa doença " misteriosa". Muito menos posso acreditar que só os meus pombais sejam mal ventilados.

Verão de 2011. Tudo caminhava bem , tinhamos acabado de vencer na Arraiolense ( em 2010) , no tal ano em que o campeão era o columbófilo com melhor prestação na velocidade, no meio fundo e no fundo. Era a formula que estava em vigor no país e jogámos com ela mesmo não enviando a duas  provas de fundo conseguiamos melhores prestações que os nossos adversários que estavam mal classificados no campeonato de velocidade.

Os pombais eram os mesmos de há 30 anos . Construidos em tijolo, cimento , com telhas alentejanas suportadas por madeira, com janelas na frente e com um denominado forro em platex,  com cerca de um metro entre as telhas e a parte cima dos ninhos ( era na época se quisermos uma ciaxa de ar ) . Foi sempre neste pombal que voei e voámos ( já em sociedade) e, maldita a hora em que me lembrei do alterar. É certo que os anos já estavam a pesar e havia alguma necessidade de arranjar o telhado. Nestas condições os pombais eram frescos no Verão e quentinhos de Inverno ( aspectos que os de hoje não tem ) .

A reformulação consistiu em fazer pombais novos para os reprodutores, e aproveitando as paredes do pombal dos voadores   colocar-lhe um telhado novo e todo ao mesmo nível  ( tudo foi feito no Verão de 2011  ). Como pareceu mais prático nesta reformulação mantivemos tudo o que era de tijolo ( paredes ) e fizemos uma placa (tijoleiras, cimento e brita) em todos os telhados que suportava depois as telhas destas normais nos  dos dias de hoje .

Tudo parecia correr bem , muda, início das temperaturas em descida no outono, treinos da sociedade e da Associação etc. Primeiras provas tudo em beleza, marcações nos primeiros lugares mas....Logo na segunda ou  terceira prova uma femea ( denominada grondelére) com boas prestações dos anos anteriores ( 16 classificações em 2 anos ) aparece com um lado ( só um ) duma caruncula mais escura. Pensei isto é um toque de constipação , dei-lhe uma injecção de geomicina e passados 2/ 3 dias a femea estava boa. Esta femea nunca mais classificou.

Como não havia mais sintomas continuámos a mandar e a marcar bem. As temperaturas subiram e comecei a notar que os pombos voavam mal e agora a mesma femea já estava na mesma e havia mais 3/ 4 femeas com o mesmo sintoma ( só uma caruncula mais escura ou com  uma pinta escura ) , estas começaram a espirrar, a coçar junto aos ouvidos, a abrir o bico. Este abrir de bico parece invenção porque se torna caricato quando visto de noite e com a luz apagada. Íamos nestas condiçoes ao pombal não acendendo a luz e dando com uma pilha no peito e cabeça dos pombos , era vê-los logo abrir o bico esticando o pescoço e isto se durasse um minuto o bico abria-se mais de 30 vezes ( penso que isto nada tem a ver com doença mas, talvez algum fenómeno relacionada com a reflexão da  luz nos olhos dos pombos pois de tudo o que tenho lido de pombos ninguem refere este facto ). Os espirros então nem falar de noite.

Como estes sintomas só apareciam nas femeas começamos a não as deixar entrar no pombal para se juntarem aos machos e estes mantiveram-se a marcar bem. Quando contei tudo isto a pessoas amigas todas ( é verdade) me quiseram ajudar e prescreviam todos um tratamento que era o milagre dos milagres. Eu fiz diversos no âmbito das respiratórias e posso dizer que quase todos os produtos que havia na época no mercado eram bons porque davam resultado mas, o problema é que passados 10 / 12 dias tudo voltava ao mesmo e nos mesmos pombos.

Só havia um recurso e neste caso talvez devesse ter sido o primeiro mas... correr ao veterinário. Não foi a um mas, sim a quatro.

Todos os despistes normais, de vermes, cocideos, tricomonas foram feitos . Os ultimos recursos foi deixar pombos nos seus laboratórios e  matar alguns para serem feitas as análises respetivas.

Diagnósticos tudo: tricomonas que foram logo diminuidas, vermes na traqueia ( nunca vi nenhum) , uma bactéria que os afetava  na parte pulmonar e deixava lesões irreversíveis ( nos sacos aéreos e pulmões) mas  por azar meu,( quando perguntei o nome da bactéria encontrada não obtive até hoje qualquer resposta)como tal  nunca vim a saber o nome da mesma. Para estes diagnósticos vinha sempre indicado o respectivo tratamento a efectuar nalguns casos mais de um mês.

 Os resultados foram sempre zero. Para completar " o ramalhete " e quando não me tinha apercebido da gravidade do que estava a enfrentar mudei 2 ou 3  femeas voadoras para a reprodução. Foi outro erro crasso deu como resultado estarem os voadores e os reprodutores com os mesmos problemas.

Quando terminava a campanha tudo voltava ao normal, os sintomas desapareciam e na muda os pombos ficavam com as carunculas brancas e pareciam que tinham saúde,  porque os pombos deixavam de fazer esforço e nada aparecia. Foram dois anos consecutivos, em 2013 apenas enviámos pombos a algumas provas porque os  mesmo sem sintomas visiveis dificilmente faziam duas marcações consecutivas e quando a temperatura subia os resultados eram muito piores e além de que  com o calor  um pombo que vinha nos primeiros lugares  passados 8 dias já estava todo constipado.

Em maio e junho de 2013  ( ou seja dois anos depois dos primeiros sintomas e de ter feito dezenas de tratamentos) já depois de ter eliminado todos os reprodutores e pombos da exposição, tive de fazer o mesmo aos voadores porque melhorias nenhumas e nada valia a pena porque já tinha feito todos os tratamentos recomendados e os resultados em termos das condições fisicas dos pombos eram iguais . O último relatório veterinário dizia-me que esses pombos nunca mais fariam algo de positivo. Esta conclusão foi a única certa em todo este emaranhado.  Tentava com esta eliminação que os pombais ficassem sem pombos 2/ 3 meses e recomeçava de novo.

Em 2014 eram todos borrachos filhos de pombos novos e desconhecidos. Participámos em meia duzia de concursos para que sobrassem alguns borrachos para este ano voarmos. Vamos ver se somos capazes.

Nisto tudo algumas conclusões :

    - o erro maior o meu que não me apercebi da dimensão e consequência dos problemas

    - o recurso aos veterinários deveria ter sido a primeira solução !

    - as ajudas de columbófilos amigos foram com a melhor das intenções mas.......alguns de tanta ajuda até indelicados para mim foram mas....

    - sobre o trabalho e postura dos veterinários não me pronuncio porque é uma área da qual nada sei . Sei e só que os resultados com melhorias dos pombos foram nulos

    - pombais mal construidos ? sem dúvida, bonitos, mas,  não adequados para pombos  ! Hoje não recomendo a ninguem o construir pombais em tijolo e cimento . Entendo que a madeira é melhor e mais prática e que os pombais devem ser feitos por quem sabe. Sei perfeitamente que muitas vezes com dois ou três caixotes não há doenças.

    - a placa no telhado foi um erro colossal. Mas apenas durou 4/ 5 meses depois foi partida e o ar já pode sair pelas telhas e tudo continuou na mesma durante dois anos. 

    - a doença.... existiu penso que sim ! . Se foi ou não tricomonas, vermes na traqueia ou um bactéria isso eu já não sei . Até acredito que possa ser tudo junto , doença e pombais .

    - o eliminar dos pombos todos resolveu alguma coisa ?  Não,  apenas serviu para acabar com alguns que eram bons ...

    - Qual a doença que os pombos tiveram ? não sei ! Só sei os sintomas e as consequências.

                Se alguém teve algo semelhante que me diga algo porque gostaria de conversar um pouco sobre este assunto.