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FAQ 2 18/08/2007
Pergunta 1
Com que regularidade trata os seus pombos contra a coccidiose?

Só precisamos de tratar os pombos em casos de infecções sérias, uma vez que estes suportam bem pequenas infecções.
De facto, este não é um problema muito sério, pois estamos a falar de uma infecção secundária. O organismo dos pombos enfraquece se for infectado por salmonelas, estreptococos ou coli e, nesse caso, fica mais vulnerável a infecções secundárias, como por exemplo a coccidiose. Para além do mais, os pombos podem ultrapassar espontaneamente este problema, ou seja sem serem medicados. Muitas vezes é suficiente que o seu habitat seja seco.
Certa vez, ouvi um cientista dizer: “a coccidiose é uma doença dos veterinários jovens e inexperientes”.
O que o cientista queria dizer com a sua afirmação é que é extremamente fácil de detectar a coccidiose com o auxílio de um microscópio e uma vez que quase todos as aves a têm, consequentemente, os veterinários não muito familiarizados com pombos-correio têm uma tendência a prescrever medicamentos. Alguns columbófilos têm microscópios em casa para efectuar testes aos seus pombos. Logo após a chegada de um concurso difícil, detectam muitos coccídeos, mas passado uns dias, quando readquirem a forma, já desapareceram quase na sua totalidade.
O veterinário e campeão belga dr. Marien (a sua Campanha 2004 foi extraordinária a todos os níveis), considera a coccidiose como um indicador da forma dos pombos. Chega mesmo a dizer… “quanto menos coccídeos encontro num pombo, melhor é a sua forma física. Aqueles voadores que apresentam um nível menor de coccidiose, são aqueles em que temos mais fé na obtenção de bons resultados. Aconselho o tratamento da coccidiose apenas em casos de infecções graves, mas devo dizer que na minha longa carreira desportiva, apenas enfrentei este tipo de problema por cinco vezes”.

Pergunta 2
Tinha um casal de reprodutores muito bom, mas infelizmente o macho morreu. Estou a pensar acasalar a fêmea com um irmão do macho. Terei alguma hipótese de continuar a tirar borrachos do mesmo nível?

Aqui está uma pergunta cuja resposta não é assim tão simples quanto parece. É lógico que para tirarmos bons borrachos, necessitamos de reprodutores com boas origens. Atenção, não confundam qualidade com beleza. No entanto, não devem ter grandes defeitos físicos. O factor mais importante a ter em conta quando escolhemos um casal de reprodutores é… a sorte!!!
Tenho as minhas dúvidas quanto aos chamados Casais de Ouro, os tais que só dão craques e que geralmente só aparecem nos pombais dos vendedores de pombos. Por outro lado, sabemos que a maioria dos campeões columbófilos mudam os casais com frequência, mesmo aqueles que já produziram pombos craques.
Deixo-vos uma pergunta para pensarem nos próximos dias… Porque razão os grandes campeões da Holanda e Bélgica tiram anualmente grandes quantidades de borrachos? Eles sabem muito bem a importância da sorte nesta matéria. Podem comparar a reprodução de pombos-correio á lotaria… quantos mais bilhetes tivermos, maior é a hipótese de sermos premiados. Sendo assim, sabemos que ao criarmos a partir de bons voadores, aumentamos as nossas hipóteses de tirarmos bons borrachos, mas nunca poderemos ter a certeza.
Sobre o assunto, conheço um caso célebre que aconteceu na Bélgica. Um grande campeão formava os seus casais de reprodutores com todo o detalhe, analisava os pombos, os seus pedigrees, etc., era um processo que se arrastava durante semanas. Até que certo ano, teve o azar de ser hospitalizado, precisamente na altura em que começava a pensar na formação dos casais. Não teve outra hipótese senão deixar os pombos acasalarem-se por si. Os resultados da reprodução foram precisamente os mesmos que nos anos anteriores em que perdia semanas a seleccionar os casais.
Voltando à pergunta - Substituir o macho que morreu pelo seu irmão? A minha resposta é… talvez dê bons filhos, ou talvez não!!!

Pergunta 3
Alguns columbófilos preferem apostar para a longa distância em pombos com um esterno comprido. Isto tem algum fundamento?

Sim, tem. Já manuseei centenas de bons pombos de fundo; de longe, a maioria deles tinha um esterno comprido. Os pombos de fundo necessitam de ter resistência e bons músculos. Quanto mais comprido for o esterno, maiores e mais compridos serão os músculos.

Pergunta 4
Um pombo que não conseguiu terminar a muda estará em condições para começar a criar? Como podemos saber se a muda está completamente terminada?

Se um pombo não conseguiu terminar a muda é porque teve problemas de saúde nesse período, no entanto, poderá recuperar a sua forma até à criação. Por isso, o problema referido poderá não ser muito importante.
O principal indicador do fim da muda são as penas do rabo. O final da muda acontece quando a segunda pena do rabo, a contar dos extremos, for renovada, uma vez que por estranho que pareça é a última a cair.

Pergunta 5
É verdade que devemos duvidar da qualidade de um pombo que tenha a ponta da língua negra? Pontos brancos na garganta significam problemas?

Quanto à ponta da língua negra não sei responder. O que posso dizer é que os consagrados Irmãos Janssen e o Klak não têm por hábito observar a garganta dos seus pombos.
Uma vez o Klak estava a mostrar os seus pombos a um cliente japonês, quando este começou a abrir o bico dos pombos, Klak virou-se para ele e disse… “deixe-se disso, vamos mas é beber um café”. Klak não gostava que fizessem isso aos seus pombos.
Claro que poderemos verificar o estado sanitário de um pombo ao observar-lhe a sua garganta, mas a maioria dos campeões só faz isso quando duvida deste ou daquele pombo.
Um bom columbófilo não precisa de manusear um pombo para ver se este está em boa forma física, basta-lhe analisar o seu comportamento no pombal.

Pergunta 6
Durante a campanha, qual o melhor dia para administrar vitaminas?

Muitos campeões, veterinários e cientistas são cépticos em relação às vitaminas, a minha pessoa incluída. Por outro lado, nunca vi nenhum pombo melhorar o seu estado de forma após a administração de vitaminas. Atenção aos columbófilos de países quentes, a sua administração tem riscos acrescidos. Em alguns casos alteram-se após uma hora de contacto com o calor e luz.
Assim, caso pretendam dar vitaminas, aconselho a sua administração na ração.
O melhor dia para a sua administração não é antes nem após o concurso, mas nos dias intermédios.
Alguns veterinários promovem as vitaminas, mas estes também as vendem e como qualquer um de nós, temos de ganhar a vida.

Pergunta 7
Qual a verdadeira qualidade da cevada e da linhaça? Leio tantas coisas que estou um pouco confuso.

A cevada e a linhaça são de facto muito controversas. Alguns campeões nunca dão cevada, outros dizem que é fundamental. Os pombos não gostam muito dela, mas isso não quer dizer que não preste. Alguns usam-na como depurativa, porque pensam ser de fácil digestão, o que não é correcto: a cevada é de digestão difícil. Outros pensam que a cevada evita que os pombos engordem e faz decrescer os seus instintos sexuais. Tudo não passa de um mal entendido. Já vi pombos que só comiam cevada e estavam tão gordos que mal conseguiam voar. Também já vi pombos que só comiam cevada e que se multiplicavam como coelhos.
A linhaça também é um alimento de qualidade, especialmente durante a muda, no entanto é uma semente arriscada porque altera-se com facilidade, tornando-se assim tóxica.
Um conselho que dou sempre é que, quando se colam umas às outras, o melhor é deitá-las fora.
Um outro risco que se corre é que a linhaça tem a tendência de se colar na garganta dos pombos.
Há alguns anos atrás, Meulemans tinha um pombo vencedor do concurso nacional de Marselha, foi-lhe oferecido uma pequena fortuna pelo pombo, mas decidiu não vender após uma noite mal dormida a pensar na sua vida. Dias depois, o pombo apareceu morto e a causa da morte foi que uma pequena semente de linhaça colada na garganta fez o pombo sufocar. Com isto, Karel Meulemans perdeu uma grande quantidade de dinheiro e ganhou mais umas noites mal dormidas.

Pergunta 8
Não quero que as minhas fêmeas novas ponham ovos, no entanto raramente consigo que aceitam ovos falsos. Alguma sugestão?
Os ovos falsos, especialmente os plásticos não são bons. São demasiado leves e os pombos têm a tendência de se aperceberem que são falsos. O melhor mesmo é utilizar ovos verdadeiros.
Humedeçam-nos um pouco com água morna e coloquem-nos no ninho ao fim da tarde.

Pergunta 9
Longa distância… é verdade que os pombos holandeses são superiores a todos os outros?
Sim, não há dúvida, mesmo até o belga mais patriota concorda com isso, pelo menos quanto a concursos de solta retardada.

Pergunta 10
Pequena distância… uma grande parte dos columbófilos belgas participam apenas em concursos até aos 100 quilómetros. Estarão tais pombos fisicamente preparados para voar 400 ou mais quilómetros?
Esta questão já me foi colocada tantas vezes e é tão interessante que dentro em breve dedicarei um artigo inteiro a esta temática.

Pergunta 11
Quando os meus pombos estão com ovos, costumo solicitar a um veterinário que lhes efectue análises. “Nada de errado”, costuma dizer-me. Por isso não administro qualquer medicamento. No entanto, quando os borrachos têm ±10 dias, começam a enfraquecer e os seus excrementos são aquosos e mal cheirosos. Sofriam de tricomoníase quase de certeza. Como poderá ter acontecido tal coisa? Será que o veterinário não percebe nada de pombos e é incapaz de diagnosticar a tricomoníase?

Este tipo de coisas não são tão raras como parecem e nem sempre devemos culpabilizar os veterinários. Encontrar tricomonas é tão simples que até uma criança é capaz de o fazer, mas… quando se examinam amostras no microscópio, é possível não ver tricomonas e os pombos estarem infectados.
Quando os pombos estão a criar borrachos de ninho, são mais vulneráveis uma vez que as tricomonas parecem sentir-se bem na papa que dão aos seus filhos.
Quanto às tricomonas, os columbófilos devem estar permanentemente alerta em épocas de temperaturas elevadas e quando os pombos permanecem durante vários dias nos cestos. A razão é que os pequenos flagelados responsáveis pelas tricomoníase “sentem-se” melhor na água quente do que em água fria.
Nos nossos dias, são populares os produtos à base de ronidazole para tratar esta enfermidade. Aconselho, no entanto, administrar um pouco mais da dose indicada. Em caso de ter que dar tratamentos, é preferível dar bem.
As tricomonas devem ser eliminadas a 100%. Se alguns dos flagelados sobreviverem, claro que serão sempre os mais fortes e resistentes. Quando voltamos a tratar as tricomonas e mais uma vez não a eliminarmos a 100%, são outra vez os mais fortes que sobrevivem e sem nos apercebermos, estamos a criar uma forma de tricomonas que é quase impossível de eliminar.

© Ad Schaerlaeckens